pesquisar

 
Domingo, 23 / 02 / 14

Rio Araguaia - Vídeo Terra da Gente

 
publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 13:38
Domingo, 23 / 02 / 14

MISTÉRIOS DE MATO GROSSO

tradição de se relatar ocorrências enigmáticas e/ou misteriosas por diferentes regiões brasileiras acaba sempre por direcionar e forçar especial atenção ao interior mato-grossense, mais especificamente Chapada dos Guimarães (67 km da capital) e Barra do Garças  (a 516 km). Intrigantes e inusitadas narrativas envolvem a região, estimulando a curiosidade de todos os tipos de pesquisadores: arqueólogos atraídos pelas supostas pistas de civilizações perdidas, ufólogos em busca dos abundantes relatos, fotos e filmagens de objetos voadores não identificados, e aventureiros em geral que rastreiam os mistérios ainda ocultos por aquelas enigmáticas regiões. Cidades misteriosas, objetos e até mesmo seres perdidos nas florestas, luzes não identificadas que sobrevoam a mata e antigos tesouros fabulosos são componentes de lendas que aguçaram e continuam a estimular a imaginação e a cultura dos habitantes de todo local.
Não apenas Chapada dos Guimarães, mas principalmente Barra do Garças, também apresenta como tradição e rotina, em todas as épocas do ano, inúmeras referências de Objetos Voadores Não Identificados, relatos de supostas civilizações intraterrestres, passagens subterrâneas que ligariam o Brasil a Machu Picchu, no Peru. Lá se fala muito em Templo de Ibez, Agartha, o caminho de Ló, Shamballah, Portal de Aquárius, etc. Muitas vezes as histórias vêm acompanhadas de descrições de vulcões extintos, fósseis de dinossauros e sinais luminosos em cavernas da região – mais especificamente na Serra do Roncador.A enigmática Serra do Roncador é situada no paralelo 15º Sul, a leste de Mato Grosso. Ela é o divisor natural das águas entre os rios Araguaia e Xingu. Roncador é com certeza uma das áreas mais encantadoras do Brasil Central, com grandes belezas naturais ainda pouca exploradas pelo homem. Buscadores com objetivos diversos adentram em suas matas para, muitas vezes, nunca mais regressarem - sem deixar vestígio, apenas histórias, lendas e mitos.Como consequência, criaram-se ao longo dos séculos, relatos de civilizações ocultas pela região, lendas sobre o destino dos desaparecidos aventureiros e supostos portais dimensionais que levariam a outras civilizações e, que não raro, vem, por vezes, acompanhado por um véu de íntima relação aos mistérios do fenômeno UFO que lá se apresentam em abundância, e justamente por isso, sempre acaba por criar demasiados relatos impressionantes. Crenças que convivem harmoniosamente no imaginário popular e na curiosidade dos pesquisadores, em meio aos cenários de vegetação do cerrado, cachoeiras e trilhas íngremes. As estranhas narrativas estimula interesse e respeito de todo o Brasil e do mundo, que se deslocam até Barra do Garças com o intuito de descobrirem algum fato plausível no meio de tantas histórias fantásticas. E encontram!Barra é também um refúgio para quem procura dias quentes e ensolarados entre os meses de maio a outubro, justamente quando as regiões Sul e Sudeste estão em meio à nebulosidade e intimadas pelo frio. Essa é uma época em que o volume de água do Rio Araguaia baixa com a seca, principalmente de junho a agosto, deixando à mostra uma grande extensão de areia e desvendando lindas praias fluviais. O local passa a ser um verdadeiro ponto de encontro para turistas, que aproveitam para curtir dias de sol e as festivas noites à beira das águas sem ondas.Maços Verticais - A Serra recebeu o nome de Roncador devido ao fato de que, em determinados momentos, na calada da noite ou do dia, emana de suas entranhas um som típico e semelhante a um ronco forte, que ecoa pelo cerrado provocando arrepios e medo nos visitantes. Tal ronco ocorre em virtude do encontro dos fortes ventos da região com imensos paredões maciços verticais. Ainda assim, não é raro encontrar pessoas que argumentam e garantem que o sinistro som teriam origem em manobras de UFOs voando pela região. O clima de mistério do local já foi descrito nos registros da famosa expedição do explorador inglês Percy Harrison Fawcett, um coronel da Real Artilharia Britânica que foi para Barra do Garças em meados de 1919, numa incansável procura por aquilo que ele estava convicto existir na região: vestígios de uma civilização intraterrestre perdida. Seu objetivo era estabelecer contato com tal civilização, que seria composta por supostos descendentes dos Atlantes.Há registro manuscrito da referida expedição, em datada época, hoje pertencentes à coleção de documentos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. O certo é que Fawcett deslocou-se para o Brasil, embrenhou-se nas matas da Bahia e, seguindo pistas e vestígios, tentou desbravar Mato Grosso – onde suas descobertas o levaram até a Serra do Roncador. O explorador inglês acabou sumindo misteriosamente em 1925 e dele nada mais se soube. Fawcett era mundialmente admirado por ter levado uma vida inteira dedicada as mais delirantes aventuras na Ásia e América do Sul. Após o seu desaparecimento, tornou-se conhecido e retratado em algumas das mais notórias lendas mundiais, que inspiraram escritores como Arthur Conan Doyle (O mundo Perdido) e H. Rider Haggard (As minas do Rei Salomão). Fawcett serviu de exemplo também pra Steven Spielberg para criar o personagem Indiana Jones.Mas as aventuras do coronel inglês não serviram apenas como inspiração para escritores e cineastas. Elas motivaram também dezenas de outros expedicionários nas décadas seguintes, curiosos igualmente tentando desvendar, inutilmente, os mistérios do Roncador. Algumas deles eram movidos por puro espírito de aventura, outras objetivavam conquistar o prêmio que o jornal inglês The Times até hoje oferece a quem prestar informações detalhadas e confiáveis sobre o que realmente aconteceu com o explorador inglês. O que se sabe é que muitas outras expedições ocorreram, mas nenhuma delas obteve sucesso na busca da tal cidade perdida. O curioso é que, embora existam dúvidas da existência da tal civilização subterrânea, já se conhece até a sua denominação: Maanoa ou Manoa.Manoa custou a vida de inúmeros exploradores, que morreram por picada de cobra ou pelas mãos de índios não aculturados, capazes de torturar lenta e dolorosamente aqueles que ousam penetrar em suas terras sagradas, interdita aos homens brancos. Não foram poucos os que morreram nessa empreitada e muita gente nunca mais voltou para casa.Cidade Perdida - Uma curiosa narrativa, catalogado sob o n.º 512, que pode ser averiguado nos documentos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, consta-se uma carta enviada por bandeirantes ao Vice-Rei, no ano de 1754, descrevendo minuciosamente a descoberta, no ano anterior, de uma cidade em ruínas na região. O documento explana detalhes sobre sinais indecifráveis na rocha, uma grande estátua de pedra negra, enormes arcos construídos, edifício de pedras intactos e desmoronados e até sinais de possíveis riquezas para mineração, tudo isso fortemente guardado por perigosos índios de pele clara, que não aceitavam contatos com estrangeiros. Essas características foram alguns dos estímulos que atraíram a atenção do coronel Fawcett na busca da cidade perdida. Além disso, ele possuía uma estatueta, ou seja, um ídolo de pedra coberto de inscrições, que acreditava ser oriunda de Manoa. Ao examinar o documento dos bandeirantes, Fawcett surpreendeu-se ao encontrar, entre os símbolos desenhados, alguns idênticos a sua estatueta. Após tal “prova”, o coronel não teve mais dúvidas e partiu rumo a algum inóspito ponto de Mato Grosso, adentrando pela Serra do Roncador, para nunca mais voltar.Lenda ou não, ainda hoje os mistérios do lugar são guardados fortemente a sete chaves pelos índios Xavantes que vivem pela região e que lá possuem vários lugares sagrados, que não podem ser visitados pelo homem branco sem que estejam em sua presença. Dentre esses locais há uma caverna em que esses índios só entram até a primeira galeria, e não se arriscam avançar mais do que isso, pois temem o que pode haver no subterrâneo. Segundo eles, nas profundezas do local viveriam seres estranhos, e quem se arriscasse a entrar lá não retorna mais. Na verbalização dos índios, fala-se sobre outro lugar sagrado, a “Lagoa Encantada”, uma lagoa com total ausência de vida sob as águas. Alguns índios nadam na lagoa, mas não se comprometem aventurar mergulhar muito fundo, pois têm medo de serem sugados por alguma força invisível e não mais voltarem. Segundo os anciões da aldeia da região, a lagoa seria “a entrada das moradas dos deuses, onde luzes mergulham e depois saem da água em direção às estrelas”.Em Barra do Garças, cidade considerada porta de entrada para a Serra do Roncador, é comum ouvir dos índios relatos de contatos com criaturas não-humanas ou supostamente extraterrestres, que denominam “seres das estrelas”. Roncador se inicia nos limites do Parque Estadual da Serra Azul, uma área de 11 milhões de hectares destinada à preservação do cerrado. Lá se fala muito de outra comunidade indígena desconhecida, que guardariam ferozmente os mistérios da cadeia de montanhas – os chamados “índios morcegos”. Sobre eles há um interessante trecho de uma antiga carta escrita pelo explorador e naturalista Carli Huni: “A entrada da caverna é guardada pelos índios morcegos, que são de pele escura e de pequeno porte, mas de grande força física. Seu sentido de olfato é mais desenvolvido do que o dos melhores cães de caça. Mesmo que eles aprovem e me deixem entrar nas cavernas, receio que estará perdido para o mundo presente, porque guardam o segredo muito cuidadosamente e não podem permitir que aqueles que entram possam sair”.Civilização Subterrânea – Huni descreveu que os índios morcegos viviam em cavernas e sairiam apenas à noite para a floresta vizinha, mas sem manter contato com os chamados “moradores de baixo”. Para eles, segundo relatou o explorador, esses moradores habitavam uma cidade subterrânea, na qual formariam uma comunidade auto suficiente e com uma considerável população. De onde Carl Huni, que gozava de grande reputação perante a comunidade científica e acadêmica de sua época, tirou essas informações?Toda a vasta extensão do município de Barra do Garças, na divisa de Mato Grosso com o estado de Goiás, era dominado pelos índios bororos, não diferentes dos xavantes em se tratando de relatos de fatos estranhos e ufológicos. A cidade é banhada pelos rios Araguaia e da Garças – o último encontra-se com o primeiro no perímetro urbano, daí o nome de Barra do Garças. Os xavantes e bororos têm em sua rica mitologia lendas relacionadas a seres semelhantes aos humanos, mas com seis dedos nas mãos, que teriam vivido na região. Algumas dessas lendas falam ainda que tais seres viveriam juntamente com outras estranhas criaturas parecidas com gente, só que de três a quatro dedos. O interessante é que bem posteriormente aos relatos desta centenária lenda (se não milenar), foi encontrado e há na vista de todos os que queiram lá verificar, cavernas da região, especialmente entre a Serra Azul e a Serra do Roncador, nas quais pode-se encontrar marcas de pegadas petrificadas de pés de seis dedos, quatro e três dedos – mas nenhum registro de pés de cinco dedos. Uma dessas cavernas é conhecida, justamente por isso, como Caverna ou Gruta dos Pezinhos.
Ataide Ferreira da Silva Neto é psicólogo, presidente da Associação Mato-grossense de Pesquisas Ufológicas e Psíquicas (AMPUP), estudioso da mente humana, com ênfase nos mistérios do Psiquismo / Parapsicologia, membro do conselho editorial da revista UFO.
publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 13:08
Domingo, 23 / 02 / 14

Os incríveis mistérios da Serra do Roncador

publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 12:11
Sexta-feira, 21 / 02 / 14

Curtindo as férias

Férias é o momento para relaxar, curtir com a família com o povo que gosta e no post dessa semana( sim, teremos muitos outros, falando sobre programa de férias), vamos falar de viagem.VIAGEM, do provençal viatge, que significa ato de ir a algum lugar relativamente afastado. Como todos sabem, viajar é muito mais do que ir para algum lugar longe, viajar é se encontrar, encontrar com quem ama, encontrar com a felicidade, talvez uma fuga da realidade, talvez uma fuga de si mesmo, talvez o seu encontro com você mesmo.02_NadandoEntão galeras de outros estados, se querem viajar, encontrar com a natureza e na busca por si mesmo, se encontrar, eu indico a minha cidade, ou como é popularmente conhecida, Barra do Garças. Uma cidade com maravilhas naturais anormais, além do mais, um povo acolhedor, amoroso, gentil. É incrível como a cidade é turística e os políticos não conseguem aproveitar esse charme todo para melhorar a infra estrutura da cidade.Viajar para encontrar seu amor, viajar para encontrar a felicidade, é incrível, sensacional, muitos fazem isso. Afinal após muitos meses de trabalho e estresse, curtir as férias ao lado de quem desperta em você os sentimentos mais puros e românticos é ANORMAL.Nada melhor do que fazer tudo isso em nossa cidade, curtindo as praias, as trilhas, as pessoas educadas e gentis que estão à espera de todos os turistas.Férias e viagem tem tudo a ver, absolutamente tudo a ver. Queremos que vocês anormais nessas férias passem ao lado de quem vocês amam e longe da rotina estressante que os deixam a beira do caos, busquem o que os façam feliz longe dos problemas.Nordeste, Norte, Centro Oeste, Sul, Sudeste, o Brasil é gigante, eu indico visitar o Brasil, visitar o Araguaia. Faça seu roteiro e descubra como o país é lindo e como vocês podem encontrar o melhor de vocês no melhor lugar. Curtam as férias.Rio AraguaiaRio Araguaia
publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 01:57
Terça-feira, 18 / 02 / 14

Viagem ao Araguaia

Viagem ao Araguaia expõe o bom faro jornalístico de José Vieira Couto de Magalhães

Por Osmar Mendes Júnior

VIAGEM AO ARAGUAIA (1852)José Vieira Couto de Magalhães (1837-1898)SP: Editora Três, 1974. (Coleção "Obras imortais da nossa literatura" - Vol. 45)

Uma volta no tempo de 141 anos é necessária para termos uma boa noção de como era o jornalismo do Brasil e como agiam os jornalistas brasileiros em meados do século 19, em plena monarquia, época em que, como se sabe, a imprensa dava seus primeiros e tímidos passos em busca de autonomia. Naqueles velhos tempos, a maioria absoluta dos jornalistas exercia o nobre ofício de registrar os fatos sem que a atividade fosse reconhecida como profissão. Muitos nem sabiam que praticavam o jornalismo.

O livro "Viagem ao Araguaia", publicado pela primeira vez em 1863, é resultado das anotações de uma excursão exploratória através do rio Araguaia feita pelo presidente da Província de Goiás, José Vieira Couto de Magalhães, um jovem sertanista de 26 anos, que também era historiador, geógrafo, antropólogo e estadista. Couto de Magalhães bacharelou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1859. No ano seguinte, defendeu tese de doutoramento na mesma faculdade do largo São Francisco. Foi um mestre do jornalismo.

Impulsionado pela necessidade de localizar um novo local para a capital da Província de Goiás, já que a cidade de Goiás dava nítidos sinais de saturação, depois de passada a euforia do ciclo do ouro e da ascensão sempre crescente das fazendas de criação de gado, Couto de Magalhães aproveitou o ensejo para demonstrar que a sua tese de navegabilidade do caudaloso e bonito rio do centro brasileiro, com suas praias arenosas, flora e fauna abundantes, era viável e talvez fosse a grande saída para o necessário progresso de uma região estagnada e carente de todos os recursos.

O Araguaia, fonte inesgotável de deliciosos e saudáveis peixes, seria uma grande via natural para escoamento das riquezas produzidas na região e também de outras províncias vizinhas. Couto de Magalhães acreditava que isso era perfeitamente possível.

A execução do trabalho jornalístico de Couto de Magalhães não foi uma tarefa fácil, como bem se pode imaginar. Além das conhecidas dificuldades de locomoção pelo interior brasileiro daqueles tempos antigos, quando a maioria dos trajetos era feita sobre o lombo de burros e cavalos, que caminhavam por caminhos estreitos, tortuosos, pedregosos e perigosos, juntava-se a total falta de infra-estrutura para os viajantes. Assim, atividades corriqueiras, como uma hospedagem descente para o necessário sono reparador das energias, tornavam-se trabalhos árduos, quase impossíveis. A escassez de conforto necessário ao homem civilizado, mesmo do século 19 era imensa.

Locais apropriados para banhos, espaços adequados para a satisfação das necessidades fisiológicas, entre outros e necessários afins, eram sempre relegados a um segundo e até terceiro planos. Sem contar, naturalmente, com a dificuldade para a preparação de uma alimentação saudável. E ainda havia o aparentemente invencível cansaço causado pelas enormes e sempre dificultosas jornadas diárias. E mais: o incômodo de ter que escrever à mão todos os relatórios, aproveitando a luz do dia ou sob o facho de velas e lampiões.

O livro de Couto de Magalhães ganha importância quando se sabe que o autor venceu todas as adversidades e oferece ao público leitor um retrato fiel de sua aventura, focalizando uma região brasileira que, naqueles tempos, era povoada e habitada por tribos indígenas arredias e rodeada por florestas densas, quase impenetráveis, onde viviam animais ferozes, que talvez nunca tivessem se defrontado com um homem branco.

Couto de Magalhães descreve os trinta e cinco dias de sua excursão com riqueza de detalhes. O leitor de "Viagem ao Araguaia" vai encontrar um texto precioso e fluente, nada sofisticado, onde estão descritos e foram levados em consideração todos os aspectos necessários para uma avaliação correta da região. Ali, sem a afetação dos eruditos, estão dados sobre a rica flora, com suas espécies características e que, até então, ainda estavam quase que intocadas pelo homem civilizado.

Também teve o autor o cuidado de anotar as características da fauna, onde estão igualmente analisados os pássaros e os mamíferos. Os rios da região, inclusive os afluentes do Araguaia, também foram objeto de análise e estudo, como revela este pequeno trecho da obra, que analisa o rio do Peixe:

"A direção geral do rio é de sudeste para noroeste; nasce no Morro Agudo, serra das Tesouras, e deságua no Araguaia, léguas acima de Salinas, com um curso aproximado de 60 léguas.

No lugar do extinto porto, ele levava mui poucas águas, a ponto de poder ser vadeado em muitos lugares com água pelo meio da canela, numa largura de 3 a 4 braças, sua caixa, porém, é enorme, e enormes e belas são suas praias, composta de uma areia alva e fina.

O extinto porto de Santa Rita é um rochedo sobre o qual batem perpendicularmente as águas do rio, para se escoarem depois para o lado do norte; é hoje uma velha tapera, e do grande armazém que aí houve, dos botes que flutuavam sobre as águas verdecentes do rio, existe apenas a memória. A não ser o estar o mato, nesse sítio, mais batido, mais entrançado de urzes e vimes, que sempre crescem nos lugares abandonados pelo homem, nenhum outro vestígio existe dessa antiga habitação.

Este rio é abundante em pescado: distinguem-se, como mais famosas entre as espécies de peixes, o matrinchão, o piau, o pintado, o barbado, o chicote, tubaranas, voadeiras e pacu-açu.

Parece ser aurífero.

Num dos solapões, notei cascalho bem configurado e em tudo semelhante ao do Jequitinhonha, pelo que é provável que seja também diamantino.

No tempo das águas, suas margens alagam-se em grandes distâncias, pelo que as matas, que se cobrem, são estreitas, rarefeitas e de má qualidade.

Os campos adjacentes oferecem o aspecto do que em Minas chamam tabuleiros, isto é, cobertos de árvores de vegetação enfezada entremeadas de capim.

As águas não são aí abundantes no tempo da seca, sendo excessivas no tempo das chuvas.

A caça é muita: compõe-se de antas, veados, pacas, perdizes, patos selvagens e toda sorte de papagaios.

As areias compõem-se de silício, quartzo, fragmentos de carbonatos e sulfuretos de ferro, alguns ocres etc.

As aves aquáticas, o jaburu e diversas espécies de socós povoam constantemente essas paragens.

Empregamo-nos, do meio-dia para a tarde, em pescar e conseguimos, em poucos lanços, peixe em quantidade suficiente para o jantar de toda nossa comitiva e para o sustento do dia seguinte.

Nosso jantar foi na praia e preparado à moda dos índios, o que nos foi fácil, por trazermos em nossa comitiva, dois da nação xavante. A novidade da cena impressionou-me, e aqui a descrevo, para dar ao leitor uma idéia dessas coisas.

Prepara-se o peixe assado ou cozido. O assado obtém-se por meio de um jirau, construído por cima das brasas; os índios dão-lhe o nome de grajaú, e serve, não só para assar o peixe, como qualquer espécie de carne. O cozido obtém-se fazendo um fosso na areia; deita-se o peixe envolvido em folhas, cobre-se de novo com a mesma areia e ateia-se o fogo por cima, de modo que se opera cocção pode meio do vapor resultante da umidade do peixe, que fica perfeitamente perfumado, com os adubos que o transpassam. Com essa simples cozinha, por mesa e toalha o leito frio da areia, tivemos um magnífico jantar, tanto mais agradável, quanto o sol, que pendia já para o ocidente, dava ao céu achatado um colorido de verde-claro morrendo em roxo, que filtrava pelo espírito uma sensação agradável e melancólica, de indefinível saudade".

As nações indígenas existentes na região também não escaparam do crivo criterioso de Couto de Magalhães. Vejamos mais um trecho da obra, onde o autor descreve a tribo dos canoeiro:

"O canoeiro é ordinariamente de estatura baixa, cabelos e olhos negros, cor de bronze; fino, ágil e com as pernas levemente arqueadas. Tem esse nome, por se terem tornados célebres os seus ataques contra os navegantes do Maranhão, a quem acometiam em levíssimas ubás e com agilidade tal, que chegavam sem ser pressentidos, retirando-se sem sofrer dano.

A tribo dos canoeiro parece ter tido outrora alguma civilização, porque a maior parte dela entende alguma coisa da língua portuguesa, o que não se pode explicar por aprendizagem que tenha feito agora, visto que seus membros não dão absolutamente fala. Algum ódio profundo contra a raça branca parece dominar esses selvagens: perseguem-na incessantemente e não dão nunca tréguas.

No rio Claro, foram mortos há poucos anos alguns que nos atacaram, e notou-se-lhes uma espécie de casca, que ia desde o cotovelo até mão, tão grossa como um calo, resultante da prática que eles tem de acompanhar os brancos, arrastando-se pelos capins, como se fossem serpentes. O canoeiro é mais valente do que outro qualquer índio, ao que acresce ser mais sagaz e previdente. Quando o canoeiro bate, a destruição é certa, porque ele não o faz sem escolher ocasião oportuna, custe isso muito embora uma espionagem incessante de muitos meses. Ordinariamente matam e roubam tudo quanto é ferro, couro, roupa. O dinheiro e outros quaisquer objetos preciosos a nossos olhos não têm para eles valor algum.

Em toda parte do Norte desta Província, vê-se assinalada por uma destruição a passagem desta tribo assoladora. A poucas léguas do lugar em que estou, jazem as ruínas do extinto arraial de Tesouras, cujos habitantes eles mataram e cujas casas assolaram sem a menor piedade, entregando a povoação a um incêndio que tudo devorou, à exceção das paredes e muros de pedra, que ainda existem. Além desse, existem as freguesias de São Feliz, Cocal, Água Quente e Amaro Leite, cujos sertões foram os mais ricos em população e gado, todos reduzidos a cinzas por eles, além de Crixás e a vila de Pilar, que foram dizimadas.

Usam de armas mais perfeitas do que as outras tribos; servem-se de punhais, espadas, baionetas, flechas com ponta de ferro, fazendo deste sempre ampla provisão nas povoações que assolam.

Em nossa comitiva vem o alferes José Rodrigues de Morais que, em 1859, foi encarregado pelo sr. Gama Cerqueira, de bater esses selvagens, que atacaram Santa Rita.

Falando das armas, não poderei deixar em esquecimento uma, que é das mais terríveis, isto é, o porrete: tiram-no do cerne de madeiras de lei, atam-no com uma corda e manejam-no de modo que sua pancada, se não é sempre mortal, serve pelo menos para derribar a vítima e dar-lhe ocasião de matá-la mais comodamente.

Existe aqui, em Crixás, o alferes Antonio Xavier, que foi derribado de cima do cavalo por um desses tiros, lançados de 60 passos de distância.

O porrete é curto, de 3 palmos, e o cabo é do tamanho de 4 polegadas; a ponta é mais larga do que o resto e termina em forma de azagaia.

Todas as outras tribos de índios têm medo do canoeiro e respeitam-no, não só pelo seu grande número como poder ser a mais aguerrida, feroz e inteligente.

Os canoeiro, como as outras tribos, são submetidos a chefes, a quem dão o nome português de Capitão, o que por sua vez tem sob suas ordens tenentes, alferes, sargentos e cabos.

Mais guerreiros do que os outros são também muito disciplinados.

Obedecem cegamente a seus chefes e atacam em boa ordem.

Todas as tentativas de catequese hão sido infrutuosas. Nem mesmo se tem conseguido até o presente civilizar os presos em combate. Aí vai um traço característico de seu amor pela independência, da obediência a seus chefes, do ódio que nos votam e do qual são testemunhas diversas pessoas de conceito..."

"Viagem ao Araguaia" permite leitura agradável e muito interessante, apesar de ter sido elaborado há quase um século e meio. Naturalmente houve uma atualização na grafia de certas palavras. O autor deixou registrado um documento que, com o passar do tempo, transformou-se numa fonte histórica bastante confiável e que, certamente, tem sido procurada por historiadores preocupados em resgatar uma parte importante da História do Brasil, depois da chegada dos portugueses. Jornalisticamente falando é uma obra completa.

Em sua primeira parte, o autor descreve como os viajantes daqueles tempos, venciam a distância entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Os que vinham da Corte por mar, desciam em Santos e venciam a serra cavalgando antes de chegar à capital paulista. Os que preferiam vir por terra, levavam dias e dias sobre os cavalos e burros, hospedando-se em fazendas e sítios até alcançar seus objetivos. Muitos preferiam este roteiro longo e difícil, especialmente aqueles que tinham medo de embarcar. Outros o faziam por economia já que, por terra, não se gastava quase nada na aventura.

Couto de Magalhães foi colaborador de vários jornais de sua época, proferiu inúmeras conferencias e escreveu uma obra bastante extensa. "Os Guaianases" ou "Fundação de São Paulo" (1860), "Dezoito Mil Milhas no Interior do Brasil (1872), "Família e Religião entre os Selvagens" (1873) e "Anchieta" (1897) estão entre seus títulos de maior destaque. Dono de sólida cultura, falava vários idiomas, entre os quais o francês, o inglês, o alemão, o italiano, o tupi e inúmeros dialetos indígenas. Viajou várias vezes pelo interior do Brasil e chegou a visitar a Europa. Esteve na Guerra do Paraguai e era monarquista convicto. Morreu jovem, aos 61 anos, em 1898.

Aos interessados em conhecer seu belo trabalho, além das bibliotecas mais equipadas, é possível obter exemplares nos diversos sebos espalhados pelo centro da cidade de São Paulo. Couto de Magalhães há muito tempo não é reeditado.

Esta resenha teve por base uma edição de 1974 de "Viagem ao Araguaia", o volume 45 pertencente à coleção "Obras imortais da nossa literatura", da Editora Três, de São Paulo, SP. 

publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 17:56
Sábado, 15 / 02 / 14

1º Rock Night - Moto Grupo

CONVITE ESPECIAL PRA VOCE MOTOCICLISTA, PRA VC QUE CURTE UM BOM ROCK...DIA 1º DE MARÇO DE 2014, “ SÁBADO ”, OS MG AVENTUREIROS DO ARAGUAIA ESTARÁ REALIZANDO O 1º ROCK NIGHT.TEREMOS NO LOCAL DO EVENTO, ÁREA DE CAMPING COM BANHEIROS E CAFÉ DA MANHA NO DOMINGO 0800 PARA MOTOCICLISTAS.O EVENTO SERÁ NO CLUB MARESIA EM PONTAL DO ARAGUAIA, ENTRE AS DUAS PONTES DIVIDINDO O ESTADO DE MT E GO, VIRE AO LADO DO POSTO FISCAL A 300 METROS A DIREITA VOCÊ ENCONTRARÁ O CLUB MARESIA, MESMO LOCAL ONDE SERÁ O SHOW.ESTAREMOS COM BAR NO LOCAL DO EVENTO E DE PRONTIDÃO RECEBENDO OS AMIGOS ESTRADEIROS SEXTA FEIRA APÓS AS 14:00 HRS E NO SÁBADO DURANTE TODO O DIA.TEREMOS DOIS GRANDES NOMES DO MOTOCICLISMO BRASILEIRO PALESTRANDO AS 20:HRS NO SÁBADO, SENDO ELES ANTONIO , MAIS CONHECIDO COMO “ANDARILHO” DE ROLIM DE MOURA-RO E MAURO DAMASCENO,POPULARMENTE CONHECIDO “DAMASCENO”, OS QUAIS FALARÃO SOBRE SEGURANÇA NO TRANSITO, DICAS DE COMO SE ORGANIZAR UMA GRANDE EXPEDIÇÃO, BEM COMO OS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS,ENTRE OUTRAS E AINDA OS MELHORES LUGARES DE NOSSO BRASIL PARA SE VISITAR.APÓS A PALESTRA SERVIREMOS UM DELICIOSO CALDO PARA RECARREGAR AS ENERGIAS E CURTIR OS SHOWS.LOGO MAIS AS 21 HRS TEREMOS INICIO AOS SHOWS COM PRESENÇA DE 3 BANDAS JÁ CONFIRMADAS.BANDA PRINCIPAL DA NOITE: BANDA SÂNDALUShttps://www.facebook.com/domcasmurrobanda?fref=tsSERÁ COBRADA ENTRADA PARA O SHOW, VALOR DE 10 R$ POR PESSOA.CONTAMOS COM VOCÊS APOIANDO NOSSO EVENTO, ESSE É O PRIMEIRO DE MUITOS...EM BREVE MAIS NOVIDADESFONES PARA CONTATO:MARCELINO: 66/9643 5487 – VIVO 66/9245 0779 –CLARO 66/8142 3613 - TIMDIEGO:66/9239 9656 - CLAROANDERSON: 66/9236 3616 - CLAROTATAO: 66/9619 2591 - CLARO[caption id="attachment_77" align="alignleft" width="680"]Aventureiros do Araguaia Aventureiros do Araguaia - Moto Grupo[/caption]
publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 22:34

mais sobre mim

Fevereiro 2014

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
27
28

últ. comentários

  • Noss... Muito Obrigado, Ficamos muito feliz com o ...
  • POXA, BEM LEGAL... ESTOU NA EXPECTATIVA DE PARTICI...
  • This is a sample comment used by Thank Me Later. I...
  • Para melhor esclarecimento, essa enchente acontece...
  • Venha,m para o Araguaia, a região mais bonita do B...
  • Um evento que acredito tenha vindo para ficar. Ele...

mais comentados

arquivos

subscrever feeds

blogs SAPO


Universidade de Aveiro