tradição de se relatar ocorrências enigmáticas e/ou misteriosas por diferentes regiões brasileiras acaba sempre por direcionar e forçar especial atenção ao interior mato-grossense, mais especificamente Chapada dos Guimarães (67 km da capital) e Barra do Garças (a 516 km). Intrigantes e inusitadas narrativas envolvem a região, estimulando a curiosidade de todos os tipos de pesquisadores: arqueólogos atraídos pelas supostas pistas de civilizações perdidas, ufólogos em busca dos abundantes relatos, fotos e filmagens de objetos voadores não identificados, e aventureiros em geral que rastreiam os mistérios ainda ocultos por aquelas enigmáticas regiões. Cidades misteriosas, objetos e até mesmo seres perdidos nas florestas, luzes não identificadas que sobrevoam a mata e antigos tesouros fabulosos são componentes de lendas que aguçaram e continuam a estimular a imaginação e a cultura dos habitantes de todo local.
Não apenas Chapada dos Guimarães, mas principalmente Barra do Garças, também apresenta como tradição e rotina, em todas as épocas do ano, inúmeras referências de Objetos Voadores Não Identificados, relatos de supostas civilizações intraterrestres, passagens subterrâneas que ligariam o Brasil a Machu Picchu, no Peru. Lá se fala muito em Templo de Ibez, Agartha, o caminho de Ló, Shamballah, Portal de Aquárius, etc. Muitas vezes as histórias vêm acompanhadas de descrições de vulcões extintos, fósseis de dinossauros e sinais luminosos em cavernas da região – mais especificamente na Serra do Roncador.A enigmática Serra do Roncador é situada no paralelo 15º Sul, a leste de Mato Grosso. Ela é o divisor natural das águas entre os rios Araguaia e Xingu. Roncador é com certeza uma das áreas mais encantadoras do Brasil Central, com grandes belezas naturais ainda pouca exploradas pelo homem. Buscadores com objetivos diversos adentram em suas matas para, muitas vezes, nunca mais regressarem - sem deixar vestígio, apenas histórias, lendas e mitos.Como consequência, criaram-se ao longo dos séculos, relatos de civilizações ocultas pela região, lendas sobre o destino dos desaparecidos aventureiros e supostos portais dimensionais que levariam a outras civilizações e, que não raro, vem, por vezes, acompanhado por um véu de íntima relação aos mistérios do fenômeno UFO que lá se apresentam em abundância, e justamente por isso, sempre acaba por criar demasiados relatos impressionantes. Crenças que convivem harmoniosamente no imaginário popular e na curiosidade dos pesquisadores, em meio aos cenários de vegetação do cerrado, cachoeiras e trilhas íngremes. As estranhas narrativas estimula interesse e respeito de todo o Brasil e do mundo, que se deslocam até Barra do Garças com o intuito de descobrirem algum fato plausível no meio de tantas histórias fantásticas. E encontram!Barra é também um refúgio para quem procura dias quentes e ensolarados entre os meses de maio a outubro, justamente quando as regiões Sul e Sudeste estão em meio à nebulosidade e intimadas pelo frio. Essa é uma época em que o volume de água do Rio Araguaia baixa com a seca, principalmente de junho a agosto, deixando à mostra uma grande extensão de areia e desvendando lindas praias fluviais. O local passa a ser um verdadeiro ponto de encontro para turistas, que aproveitam para curtir dias de sol e as festivas noites à beira das águas sem ondas.Maços Verticais - A Serra recebeu o nome de Roncador devido ao fato de que, em determinados momentos, na calada da noite ou do dia, emana de suas entranhas um som típico e semelhante a um ronco forte, que ecoa pelo cerrado provocando arrepios e medo nos visitantes. Tal ronco ocorre em virtude do encontro dos fortes ventos da região com imensos paredões maciços verticais. Ainda assim, não é raro encontrar pessoas que argumentam e garantem que o sinistro som teriam origem em manobras de UFOs voando pela região. O clima de mistério do local já foi descrito nos registros da famosa expedição do explorador inglês Percy Harrison Fawcett, um coronel da Real Artilharia Britânica que foi para Barra do Garças em meados de 1919, numa incansável procura por aquilo que ele estava convicto existir na região: vestígios de uma civilização intraterrestre perdida. Seu objetivo era estabelecer contato com tal civilização, que seria composta por supostos descendentes dos Atlantes.Há registro manuscrito da referida expedição, em datada época, hoje pertencentes à coleção de documentos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. O certo é que Fawcett deslocou-se para o Brasil, embrenhou-se nas matas da Bahia e, seguindo pistas e vestígios, tentou desbravar Mato Grosso – onde suas descobertas o levaram até a Serra do Roncador. O explorador inglês acabou sumindo misteriosamente em 1925 e dele nada mais se soube. Fawcett era mundialmente admirado por ter levado uma vida inteira dedicada as mais delirantes aventuras na Ásia e América do Sul. Após o seu desaparecimento, tornou-se conhecido e retratado em algumas das mais notórias lendas mundiais, que inspiraram escritores como Arthur Conan Doyle (O mundo Perdido) e H. Rider Haggard (As minas do Rei Salomão). Fawcett serviu de exemplo também pra Steven Spielberg para criar o personagem Indiana Jones.Mas as aventuras do coronel inglês não serviram apenas como inspiração para escritores e cineastas. Elas motivaram também dezenas de outros expedicionários nas décadas seguintes, curiosos igualmente tentando desvendar, inutilmente, os mistérios do Roncador. Algumas deles eram movidos por puro espírito de aventura, outras objetivavam conquistar o prêmio que o jornal inglês The Times até hoje oferece a quem prestar informações detalhadas e confiáveis sobre o que realmente aconteceu com o explorador inglês. O que se sabe é que muitas outras expedições ocorreram, mas nenhuma delas obteve sucesso na busca da tal cidade perdida. O curioso é que, embora existam dúvidas da existência da tal civilização subterrânea, já se conhece até a sua denominação: Maanoa ou Manoa.Manoa custou a vida de inúmeros exploradores, que morreram por picada de cobra ou pelas mãos de índios não aculturados, capazes de torturar lenta e dolorosamente aqueles que ousam penetrar em suas terras sagradas, interdita aos homens brancos. Não foram poucos os que morreram nessa empreitada e muita gente nunca mais voltou para casa.Cidade Perdida - Uma curiosa narrativa, catalogado sob o n.º 512, que pode ser averiguado nos documentos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, consta-se uma carta enviada por bandeirantes ao Vice-Rei, no ano de 1754, descrevendo minuciosamente a descoberta, no ano anterior, de uma cidade em ruínas na região. O documento explana detalhes sobre sinais indecifráveis na rocha, uma grande estátua de pedra negra, enormes arcos construídos, edifício de pedras intactos e desmoronados e até sinais de possíveis riquezas para mineração, tudo isso fortemente guardado por perigosos índios de pele clara, que não aceitavam contatos com estrangeiros. Essas características foram alguns dos estímulos que atraíram a atenção do coronel Fawcett na busca da cidade perdida. Além disso, ele possuía uma estatueta, ou seja, um ídolo de pedra coberto de inscrições, que acreditava ser oriunda de Manoa. Ao examinar o documento dos bandeirantes, Fawcett surpreendeu-se ao encontrar, entre os símbolos desenhados, alguns idênticos a sua estatueta. Após tal “prova”, o coronel não teve mais dúvidas e partiu rumo a algum inóspito ponto de Mato Grosso, adentrando pela Serra do Roncador, para nunca mais voltar.Lenda ou não, ainda hoje os mistérios do lugar são guardados fortemente a sete chaves pelos índios Xavantes que vivem pela região e que lá possuem vários lugares sagrados, que não podem ser visitados pelo homem branco sem que estejam em sua presença. Dentre esses locais há uma caverna em que esses índios só entram até a primeira galeria, e não se arriscam avançar mais do que isso, pois temem o que pode haver no subterrâneo. Segundo eles, nas profundezas do local viveriam seres estranhos, e quem se arriscasse a entrar lá não retorna mais. Na verbalização dos índios, fala-se sobre outro lugar sagrado, a “Lagoa Encantada”, uma lagoa com total ausência de vida sob as águas. Alguns índios nadam na lagoa, mas não se comprometem aventurar mergulhar muito fundo, pois têm medo de serem sugados por alguma força invisível e não mais voltarem. Segundo os anciões da aldeia da região, a lagoa seria “a entrada das moradas dos deuses, onde luzes mergulham e depois saem da água em direção às estrelas”.Em Barra do Garças, cidade considerada porta de entrada para a Serra do Roncador, é comum ouvir dos índios relatos de contatos com criaturas não-humanas ou supostamente extraterrestres, que denominam “seres das estrelas”. Roncador se inicia nos limites do Parque Estadual da Serra Azul, uma área de 11 milhões de hectares destinada à preservação do cerrado. Lá se fala muito de outra comunidade indígena desconhecida, que guardariam ferozmente os mistérios da cadeia de montanhas – os chamados “índios morcegos”. Sobre eles há um interessante trecho de uma antiga carta escrita pelo explorador e naturalista Carli Huni: “A entrada da caverna é guardada pelos índios morcegos, que são de pele escura e de pequeno porte, mas de grande força física. Seu sentido de olfato é mais desenvolvido do que o dos melhores cães de caça. Mesmo que eles aprovem e me deixem entrar nas cavernas, receio que estará perdido para o mundo presente, porque guardam o segredo muito cuidadosamente e não podem permitir que aqueles que entram possam sair”.Civilização Subterrânea – Huni descreveu que os índios morcegos viviam em cavernas e sairiam apenas à noite para a floresta vizinha, mas sem manter contato com os chamados “moradores de baixo”. Para eles, segundo relatou o explorador, esses moradores habitavam uma cidade subterrânea, na qual formariam uma comunidade auto suficiente e com uma considerável população. De onde Carl Huni, que gozava de grande reputação perante a comunidade científica e acadêmica de sua época, tirou essas informações?Toda a vasta extensão do município de Barra do Garças, na divisa de Mato Grosso com o estado de Goiás, era dominado pelos índios bororos, não diferentes dos xavantes em se tratando de relatos de fatos estranhos e ufológicos. A cidade é banhada pelos rios Araguaia e da Garças – o último encontra-se com o primeiro no perímetro urbano, daí o nome de Barra do Garças. Os xavantes e bororos têm em sua rica mitologia lendas relacionadas a seres semelhantes aos humanos, mas com seis dedos nas mãos, que teriam vivido na região. Algumas dessas lendas falam ainda que tais seres viveriam juntamente com outras estranhas criaturas parecidas com gente, só que de três a quatro dedos. O interessante é que bem posteriormente aos relatos desta centenária lenda (se não milenar), foi encontrado e há na vista de todos os que queiram lá verificar, cavernas da região, especialmente entre a Serra Azul e a Serra do Roncador, nas quais pode-se encontrar marcas de pegadas petrificadas de pés de seis dedos, quatro e três dedos – mas nenhum registro de pés de cinco dedos. Uma dessas cavernas é conhecida, justamente por isso, como Caverna ou Gruta dos Pezinhos.
Ataide Ferreira da Silva Neto é psicólogo, presidente da Associação Mato-grossense de Pesquisas Ufológicas e Psíquicas (AMPUP), estudioso da mente humana, com ênfase nos mistérios do Psiquismo / Parapsicologia, membro do conselho editorial da revista UFO.
Ataide Ferreira da Silva Neto é psicólogo, presidente da Associação Mato-grossense de Pesquisas Ufológicas e Psíquicas (AMPUP), estudioso da mente humana, com ênfase nos mistérios do Psiquismo / Parapsicologia, membro do conselho editorial da revista UFO.