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Quarta-feira, 26 / 02 / 14

Mistérios da Barra de Valdon Varjão

Barra do Garças é considerada cidade mística. Em seu entorno desapareceram o coronel inglês Percy Harrison Fawcett e sua comitiva, no ano de 1925. Alguns ufólogos acreditam que Fawcett teria encontrado a cidade “Z”, que procurava e acreditava que se localizasse sob a Serra do Roncador, onde viveria uma civilização bem avançada no comparativo com os habitantes da Terra. Outras correntes apostam que ele teria sido canibalizado por índios do Xingu.Valdon VarjãoCom imensurável potencial turístico, Barra é o encontro das águas do Garças com o Araguaia – de onde lhe vem o nome.A cidade tem a Serra Azul como pano de fundo, no Parque Estadual da Serra Azul, onde lindas cachoeiras enchem os olhos dos visitantes; tem um parque aquático com águas termais na área urbana; e praias de areia infinitamente branca surgem no período das águas baixas nas margens dos dois grandes rios que se encontram ao seu lado. Além das belezas naturais, o misticismo pesa a seu favor.Na tentativa de aquecer e diversificar o turismo, Valdon idealizou a construção de um Discoporto no topo da Serra Azul. A proposta surgiu no final dos anos 1990, quando Valdon era vereador pelo PFL.A criação do discoporto foi aprovada pela Câmara e sancionada pelo prefeito Wanderlei Farias, à época correligionário de Valdon. Para alguns, a ideia parecia hilária e até irresponsável. Outros a consideraram interessante. Em meio ao fogaréu das opiniões, a prefeitura construiu a obra, que levou a chancela do mago dos efeitos especiais da Rede Globo, Hans Donner - que não cobrou pelo projeto.O Discoporto divulgou Barra e Valdon ganhou espaço nos principais programas de variedades na televisão e nos grandes jornais e revistas. Porém, a prefeitura não soube explorar o lado turístico da obra inédita - e bem modesta - que se encontra praticamente abandonada no topo da Serra Azul, ao lado de um radar do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), da Aeronáutica e de onde se vê Barra e suas siamesas Pontal do Araguaia e a goiana Aragarças.O prefeito da época novamente administra o município. Porém, nem ele nem seus sucessores souberam transformar o discoporto em roteiro do turismo nacional. Valdon lamentava essa falta de visão administrativa. Ele sonhava em misturar sua obra com o desaparecimento de Fawcett, com a criação do personagem Indiana Jones e uma apimentada dose de supostas incursões de esverdeados marcianos na região, para despertar interesse da indústria do turismo por sua Barra.Valdon sabia que o desaparecimento de Fawcett mexe com o imaginário coletivo na Inglaterra. Sabia que Indiana Jones, personificado nas telas por Harrison Ford e criado pela genialidade de Steven Spielberg e George Lucas tem apelo popular no mundo inteiro. Por isso, sonhava em transformar a Barra na Meca do misticismo. Pesava também favorável a este plano a presença na região de instituições filosóficas e místicas, a exemplo da Sociedade Brasileira de Eubiose. No entanto, o cartorário levou para o túmulo seu pensamento, que não encontrou eco naquela que foi uma das principais cidades de Mato Grosso e hoje se agarra como pode para ficar na parte de baixo das 10 maiores populações mato-grossenses.Valdon VarjãoValdon VarjãoValdon Varjão 

Memória: Valdon Varjão

Por: Eduardo Gomes

Jornal Gazeta do Araguaia
publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 13:29
Domingo, 23 / 02 / 14

Não pestanejem, são milhões de anos em 2 minutos!

Apreciem este extraordinário resumo fotográfico que mostra a história do mundo!
 
publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 12:43
Sábado, 22 / 02 / 14

CAMPONESES DO ARAGUAIA - A Guerrilha Vista Por Dentro

http://www.youtube.com/watch?v=UhpO4I2O0zsDocumentário de Vandré Fernandes estreiou na Mostra de SP e trouxe viés inédito do combate contra a ditadura no interior do país.A Guerrilha do Araguaia já foi tratada a partir de dois pontos de vista primordiais: o lado oficial dos militares e o dos participantes da notória luta armada. Iniciado pelo PCdoB no fim da década de 60, o movimento que visava instalar a resistência popular contra a ditadura agora ganha nova abordagem no documentário "Camponeses do Araguaia - A Guerrilha vista por dentro", do diretor Vandré Fernandes, ex-dirigente da UJS.O filme traz relatos dos diversos camponeses que vivenciaram a Guerrilha no dia-a-dia, contando curiosidades do relacionamento com os guerrilheiros e também das marcas que deixaram as torturas dos militares, ampla e irrestrita a todos que moravam na região onde foi deflagrado o conflito. Há ainda um rico bando de imagens, que complementam esse importante registro de uma parte ainda pouco explorada da história brasileira."Camponeses do Araguaia - A Guerrilha vista por dentro" faz parte da programação da 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e teve estreia marcada para o dia 22 de outubro no Unibanco Arteplex.O Portal UJS bateu um papo com Vandré Fernandes, que conta mais detalhes de sua produção.Como e quando surgiram as primeiras ideias para o documentário?A ideia surgiu no primeiro semestre de 2009, quando ficamos sabendo que os camponeses do Pará que vivenciaram e se envolveram na Guerrilha do Araguaia iriam ser anistiados pelo Estado Brasileiro. No início, a Fundação Mauricio Gragois queria apenas o registro na íntegra do processo da anistia e ter isso como arquivo histórico. Foi aí que percebi que aquela história podia render muito mais e apresentei um roteiro para realizarmos o documentário que pudesse, num futuro, participar de festivais e mostras, e que mais pessoas pudessem ter acesso ao episódio da Guerrilha. Como a Fundação não tinha experiência no desenvolvimento do audiovisual, então eu apresentei a Oka Comunicações e assim nasceu a parceria do Documentário.Desde do início, eu procurava contar a história da Guerrilha através do olhar do camponês. Basicamente, a marcação do roteiro seguiu quatro perguntas: como era região, como você (camponês) chegou aqui, como foi o seu contato e impressão dos "paulistas" (os Guerrilheiros), como foi no tempo da Guerrilha e o contato com os militares e, por último, como você (camponês) e a região ficaram após a guerrilha. Veja que num documentário a gente procura seguir uma linha de roteiro para não fugir da história inicialmente pensada, e não propriamente um roteiro, como num filme de ficção. Mas aí fui percebendo que a história não fechava direito, faltava informações do porquê dos "paulistas" terem se deslocado para a região do sul do Pará e da tática militar utilizada pela ditadura para aniquilar os guerrilheiros. Então, eu e os produtores achamos melhor incorporar no documentário pessoas que preenchessem essas informações, como Renato Rabelo, presidente do PCdoB, e Romualdo Pessoa, professor da UFG que lançou um excelente livro intitulado "Guerrilha do Araguaia, a esquerda em armas".Um dos diferenciais da produção é tratar da Guerrilha do Araguaia a partir do povo da região. Você consegue citar algum personagem que seja mais marcante para você?Esse é de fato o diferencial, contar através do olhar do camponês. Sabemos pouco sobre o episódio pelos militares. Já o PCdoB tem vários registros que remontam a Guerrilha, como o Relatório de Arroio e Araguaia - relato de um guerrilheiro, de Glênio de Sá, para citar dois. Mas há vários documentos e livros a respeito. Não há exatamente o mais marcante, pois se a gente pegasse a história só de um camponês já teriamos um bom documentário. Porém, há histórias interessantes que acabaram não entrando no documentário, por conta do que eu disse de seguir uma linha de pensamento. Uma delas é da camponesa Neusa e o guerrilheiro Amaro, que mesmo sendo proibidos de ter um relacionamento amoroso - pois era perigoso para a organização - decidiram viver juntos, ele com mais de 40 e ela com 19 anos. Tiveram muitos filhos, todos com nomes de guerrilheiros. Amaro faleceu na década de 90 e Neusa está no documentário.Mas a história mais impressionante foi contada pela camponesa e professora Oneide. Ela preparou um festival de teatro entre os alunos da região para ser apresentado em praça pública, com diversos temas locais. Foi feita uma montagem da Guerrilha e quando uma aluna interpretava Dina, uma guerrilheira, a polícia e o prefeito entraram dispersando a população e tiraram a roupa da jovem, deixando-a nua na praça, isso em 2006.Que outras novidades o filme traz (imagens inéditas, informações novas etc.)?A novidade, sem dúvida, são os relatos dos camponeses. No entanto, a TV Mirante nos cedeu imagens de treinamento do exército na região utilizados como forma de intimidamento que são impressionantes. Eles estavam indo para uma guerra de fato. Já as imagens do cotidiano da época, dos camponeses jovens, aqueles retratos de casamento, de pais, que no norte e nordeste são comuns, isso se perdeu, pois os militares queimaram tudo o que pudesse guardar alguma lembrança.Quem são os apoiadores da produção? Como você avalia a viabilidade comercial de documentários como o seu no cenário atual?O financiamento do documentário se deu através da Fundação Maurício Grabois e seu presidente Adalberto Monteiro, além do apoio de Leocir Rosa e Osvaldo Bertolino, que também nos ajudaram na condução no sul do Pará. Tivemos ainda a Oka Comunicações, através do meu amigo Rogerio Zagallo, produtor e editor, que se dedicou muito na finalização, Bruno Mitih, o fotógrafo, Daniel Altman, que musicou o filme, e eu, claro, fazendo quase tudo a custo zero. Foi o chamado "cinema de guerrilha". O formato documentário no Brasil vem ganhando bastante prestígio, tem produções para todos os gostos, como "Jogo de Cena", "Dzi Croquetes", "Cidadão Boilesen", "Terra Deu, Terra Come", "Alô Alô Teresinha". As salas de cinemas com esses trabalhos vêm tendo um público cativo.Depois da participação na Mostra, o filme será exibido em algum circuito e sairá em DVD?Passamos pelo Festival do Rio e agora estamos na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e isso é bem legal porque o filme passa a falar para mais pessoas. Ainda estamos aguardado respostas de outros festivais, inclusive fora do Brasil, mas não pensamos no circuito comercial, pois exige um investimento alto para a exibição nas salas. Acho mais interessante caminhar para a televisão e estamos em conversas com as TVs públicas e comunitárias. Já o DVD logo mais estará disponível no site da Fundação.
publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 16:21
Sexta-feira, 21 / 02 / 14

27° Encontro dos Pioneiros da “Marcha para o Oeste” - Nova Xavantina

De: agazetadovale.com.br

Ocorre neste dia 01 de março, em Nova Xavantina, o 27° Encontro dos Pioneiros da “Marcha para o Oeste”. Na foto alguns antigos participantes e também do pioneiro e Mestre de Obra da época, João Mourão, ora residente em Barra do Garças e que fala com muita propriedade sobre a construção das obras daquela cidade.João Mourão fala também, com muita propriedade sobre a ponte Arquimedes Lima, obra da fundação Brasil Central, sobre o Rio Araguaia. Veja as fotos da época:Gazeta.Galeria1022.20140220110845.001Gazeta.Galeria1022.20140220110845.002Gazeta.Galeria1022.20140220110845.003Gazeta.Galeria1022.20140220110845.004Gazeta.Galeria1022.20140220110845.005Gazeta.Galeria1022.20140220110845.006Gazeta.Galeria1022.20140220110226.001

Pioneiro e Mestre de Obra da época, João Mourão.

 
publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 15:02
Sexta-feira, 21 / 02 / 14

Camponeses do Araguaia - A Guerrilha Vista por Dentro

Documentário de Vandré Fernandes estreiou na Mostra de SP e trouxe viés inédito do combate contra a ditadura no interior do país.

http://www.youtube.com/watch?v=UhpO4I2O0zsA Guerrilha do Araguaia já foi tratada a partir de dois pontos de vista primordiais: o lado oficial dos militares e o dos participantes da notória luta armada. Iniciado pelo PCdoB no fim da década de 60, o movimento que visava instalar a resistência popular contra a ditadura agora ganha nova abordagem no documentário "Camponeses do Araguaia - A Guerrilha vista por dentro", do diretor Vandré Fernandes, ex-dirigente da UJS.</p>

O filme traz relatos dos diversos camponeses que vivenciaram a Guerrilha no dia-a-dia, contando curiosidades do relacionamento com os guerrilheiros e também das marcas que deixaram as torturas dos militares, ampla e irrestrita a todos que moravam na região onde foi deflagrado o conflito. Há ainda um rico bando de imagens, que complementam esse importante registro de uma parte ainda pouco explorada da história brasileira.

"Camponeses do Araguaia - A Guerrilha vista por dentro" faz parte da programação da 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e teve estreia marcada para o dia 22 de outubro no Unibanco Arteplex.
O Portal UJS bateu um papo com Vandré Fernandes, que conta mais detalhes de sua produção.

Como e quando surgiram as primeiras ideias para o documentário?

A ideia surgiu no primeiro sementre de 2009, quando ficamos sabendo que os camponeses do Pará que vivenciaram e se envolveram na Guerrilha do Araguaia iriam ser anistiados pelo Estado Brasileiro. No ínicio, a Fundação Mauricio Gragois queria apenas o registro na íntegra do processo da anistia e ter isso como arquivo histórico. Foi aí que percebi que aquela história podia render muito mais e apresentei um roteiro para realizarmos o documentário que pudesse, num futuro, participar de festivais e mostras, e que mais pessoas pudessem ter acesso ao episódio da Guerrilha. Como a Fundação não tinha experiência no desenvolvimento do audiovisual, então eu apresentei a Oka Comunicações e assim nasceu a parceria do Documentário.

Desde do ínicio, eu procurava contar a história da Guerrilha através do olhar do camponês. Basicamente, a marcação do roteiro seguiu quatro perguntas: como era região, como você (camponês)  chegou aqui, como foi o seu contato e impressão dos "paulistas" (os Guerrilheiros), como foi no tempo da Guerrilha e o contato com os militares e, por último, como você (camponês) e a região ficaram após a guerrilha. Veja que num documentário a gente procura seguir uma linha de roteiro para não fugir da história inicialmente pensada, e não propriamente um roteiro, como num filme de ficção. Mas aí fui percebendo que a história não fechava direito, faltava informações do porquê dos "paulistas" terem se deslocado para a região do sul do Pará e da tática militar utilizada pela ditadura para aniquilar os guerrilheiros. Então, eu e os produtores achamos melhor incorporar no documentário pessoas que preenchessem essas informações, como Renato Rabelo, presidente do PCdoB, e Romualdo Pessoa, professor da UFG que lançou um excelente livro intitulado "Guerrilha do Araguaia, a esquerda em armas".</p>

Um dos diferenciais da produção é tratar da Guerrilha do Araguaia a partir do povo da região. Você consegue citar algum personagem que seja mais marcante para você?

Esse é de fato o diferencial, contar através do olhar do camponês. Sabemos pouco sobre o episódio pelos militares. Já o PCdoB tem vários registros que remontam a Guerrilha, como o Relatório de Arroio e Araguaia - relato de um guerrilheiro, de Glênio de Sá, para citar dois. Mas há vários documentos e livros a respeito. Não há exatamente o mais marcante, pois se a gente pegasse a história só de um camponês já teriamos um bom documentário. Porém, há histórias interessantes que acabaram não entrando no documentário, por conta do que eu disse de seguir uma linha de pensamento. Uma delas é da camponesa Neusa e o guerrilheiro Amaro, que mesmo sendo proibidos de ter um relacionamento amoroso - pois era perigoso para a organização - decidiram viver juntos, ele com mais de 40 e ela com 19 anos. Tiveram muitos filhos, todos com nomes de guerrilheiros. Amaro faleceu na década de 90 e Neusa está no documentário.

Mas a história mais impressionante foi contada pela camponesa e professora Oneide. Ela preparou um festival de teatro entre os alunos da região para ser apresentado em praça pública, com diversos temas locais. Foi feita uma montagem da Guerrilha e quando uma aluna interpretava Dina, uma guerrilheira, a polícia e o prefeito entraram dispersando a população e tiraram a roupa da jovem, deixando-a nua na praça, isso em 2006.</p>

Que outras novidades o filme traz (imagens inéditas, informações novas etc.)?

A novidade, sem dúvida, são os relatos dos camponeses. No entanto, a TV Mirante nos cedeu imagens de treinamento do exército na região utilizados como forma de intimidamento que são impressionantes. Eles estavam indo para uma guerra de fato. Já as imagens do cotidiano da época, dos camponeses jovens, aqueles retratos de casamento, de pais, que no norte e nordeste são comuns, isso se perdeu, pois os militares queimaram tudo o que pudesse guardar alguma lembrança.

Quem são os apoiadores da produção? Como você avalia a viabilidade comercial de documentários como o seu no cenário atual?

O financiamento do documentário se deu através da Fundação Maurício Grabois e seu presidente Adalberto Monteiro, além do apoio de Leocir Rosa e Osvaldo Bertolino, que também nos ajudaram na condução no sul do Pará. Tivemos ainda a Oka Comunicações, através do meu amigo Rogerio Zagallo, produtor e editor, que se dedicou muito na finalização, Bruno Mitih, o fotógrafo, Daniel Altman, que musicou o filme, e eu, claro, fazendo quase tudo a custo zero. Foi o chamado "cinema de guerrilha". O formato documentário no Brasil vem ganhando bastante prestígio, tem produções para todos os gostos, como "Jogo de Cena", "Dzi Croquetes", "Cidadão Boilesen", "Terra Deu, Terra Come", "Alô Alô Teresinha".  As salas de cinemas com esses trabalhos vêm tendo um público cativo.

Depois da participação na Mostra, o filme será exibido em algum circuito e sairá em DVD?

Passamos pelo Festival do Rio e agora estamos na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e isso é bem legal porque o filme passa a falar para mais pessoas. Ainda estamos aguardado respostas de outros festivais, inclusive fora do Brasil, mas não pensamos no circuito comercial, pois exige um investimento alto para a exibição nas salas. Acho mais interessante caminhar para a televisão e estamos em conversas com as TVs públicas e comunitárias. Já o DVD logo mais estará disponível no site da Fundação.

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publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 01:26
Quarta-feira, 19 / 02 / 14

Referencial Histórico - Região Encontro das Águas

Poucos cidades do Brasil podem ostentar um referencial tão rico e diversificado como o de Barra do Garças e região. Muitos dos que nasceram e moram aqui eventualmente não têm noção da nossa importância no contexto da História do Brasil.A partir dos bandeirantes nos séculos 16 e 17, o caminho para se chegar a lugares estratégicos nos sertões do Centro-Oeste, inclusive ao conteúdo da lenda na Mina dos Martírios, incluiu passagens e paradas em Barra do Garças.Nessa mesma trilha o Marechal Rondon, o bandeirante do século 20, que espalhou linhas telegráficas por milhares de quilômetros para desbravar a trilha do desenvolvimento que acompanhou essas linhas, usou Barra do Garças (na época ainda distrito ou povoado de Araguaiana de Nossa Senhora da Piedade), para os intervalos entre suas idas e vindas.pontesBarraRondon coroou sua nobre e árdua missão ao domesticar com diplomacia e humanidade milhares de índios, que o consideravam um pai (O Pai Branco). “Morrer sim, matar nunca” era a sua divisa...A mesma competência não tiveram os padres salesianos, que embora com toda abnegação para catequizar e evangelizar, os que vieram pouco depois de Rondon, alguns foram até sacrificados pelo índios, como os missionários padre João Fucks e padre Cobalchini, hoje sepultados em Araguaiana, onde era a sede da missão salesiana  entre os anos 40 e 50.Essa herança de sacrifícios dos heróicos missionários foi a semeadura de um gigantesco trabalho desenvolvidos pelos mestres, clérigos e leigos que enriqueceram a nossa educação e a nossa cultura, comprovado pelos inúmeros João Bosco, Auxiliadoras e Domingos Sávios, que conhecemos em grande parte de nossas famílias, escolas, capelas e paróquias. Os maiores frutos dessa missão estão em Barra do Garças, com extensa rede assistencial e educacional da Missão Salesiana.Pela inabilidade com etnias desconhecidas, também tiveram dificuldades com os índios, os bandeirantes irmãos Villas Boas, que mesmo diante dessas e outras grandes barreiras, partiram de Barra do Garças, desbravaram e construíram o caminho do Xingu, em vasto território de dezenas de etnias.Essa epopéia foi mostrada recentemente em três episódios pelo Fantástico, na Rede Globo, mostrando nas reportagens um mapa com Barra do Garças em destaque. Foi a reprise moderna dessa grande aventura iniciada por Barra do Garças.avMinistroJoaoAlbertoOutro referencial histórico que chamou atenção da imprensa mundial, desde o desaparecimento do coronel inglês Percy Harrison Fawcett, nos anos 20, foram as conquistas do Roncador. Fawcett veio em busca do continente perdido da Atlântida que teria submergido quando o Centro Oeste era mar (talvez por alterações geológicas no Dilúvio).Fawcett também passou por Barra do Garças e isso está comprovado pelas inúmeras fotos em seus livros das nossas serra e especial a da santa de Vale dos Sonhos.O escritor Arthur Conan Doyle, renomado pela sua criação do personagem Sherlock Holmes, que era amigo de academia literária de Fawcett em Londres, escreveu alguns livros ilustrando sobre a nossa região, inclusive a curiosa obra ainda disponível O Mundo Perdido.Os escritos de Fawcett revolucionaram a imprensa européia e muitas expedições vieram nos rastros dele, que misteriosamente desapareceu em algum lugar da Serra do Roncador. Muito se documentou desse pioneirismo místico, inspirando lendas e a maioria dos filmes de Indiana Jones. O primeiro filme da série foi locado na região de Barra do Garças, entre os xavantes, na busca da Arca Perdida e da Atlântida. (Harrison Ford ou Harrison Fawcett?).O misticismo e o espírito aventureiro inspirados nos mistérios da Serra do Roncador, que movimentaram  e ainda movimentam a região de Barra do Garças foram mostrados no Globo Repórter, há poucos anos, em documentário fartamente documentado e confirmado por interessante conteúdo.mercadomunicipalbarraO último acontecimento marcante no contexto Roncador foi a South American Treak (expedição na América do Sul) idealizada pelo sobrinho de Fawcett, o professor e escritor Timothy Paterson, coordenada de Fidhorn Fundation, da Irlanda, nos anos 90, que trouxe quarenta pesquisadores de vinte e sete países da Europa e da Ásia, com apoio da ONU e da Rainha Mãe da Inglaterra.Tivemos a honra de acompanhar como guia turístico e histórico essa expedição em muitos lugares da nossa região, nos caminhos de Fawcett mais próximos de Barra do Garças e entre as comunidades de xavantes e bororos.Essa nobre expedição ficou mais de 15 dias realizando pesquisas e filmando, sempre em locais de até 150 km de Barra do Garças, onde retornavam todas as noites para o Toriuá Park Hotel. Nessas andanças a comitiva recolheu peças artesanais e arqueológicas. Pitoresco foi o interesse em guardar (talvez como souvenir) as pulgas que conheceram nas aldeias, pois era um inseto desconhecido para todos.A história recente resumida  de Barra do Garças é muito fascinante, porém não  tanto quanto em  conteúdo e detalhes como ela é sobejamente contada e enriquecida na obra do nosso amado e inesquecível professor, escritor e historiador Valdon Varjão, a quem pudemos cooperar  nas últimas edições, assim como outros membros da Academia de Letras que ele fundou, entre eles Zélia Diniz, Florisvaldo Flores Lopes, Daphnis Oliveira, Edna Capocci, Generoso Rodrigues, Antonio Oliveira Santos, Arquimedes Carpentieri e outros amantes de nossa história.Mais de quarenta livros formam a biblioteca das  obras de Valdon Varjão e ainda estão disponíveis na Academia de Letras, nas escolas e nas biblioteca de todo o Vale do Araguaia e também em São Paulo, Goiânia e Brasília. Toda a sua obra literária foi distribuída gratuitamente.Cabe agora às novas gerações, especialmente àqueles filhos de pioneiros que estão retornando (e também os que permaneceram e prosperam aqui), a maioria profissionais graduados em várias áreas, inclusive em História, Geografia e Letras e os apaixonados por história e misticismo, dar continuidade aos caminhos da história de Barra do Garças, seguindo o modelo de dedicação e sobretudo respeito e gratidão pelos que tombaram, nos últimos séculos e décadas, em tributo ao desenvolvimento de Barra do Garças.rodoviariaBarraAos barra-garcenses atuais, a responsabilidade de zelar e apoiar a preservação da nossa edificante história e deixar para os seus descendentes uma herança semelhante de conquistas e avanços no desenvolvimento social, político, produtivo e espiritual da nossa amada Barra do Garças...Melchíades Mota é graduado em Marketing de Turismo, Estudos Sociais e Ciências da Religião.
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publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 22:35
Quarta-feira, 19 / 02 / 14

Domo de Araguainha

Queda de meteorito no Mato Grosso há 250 milhões de anos pode ter liberado metano suficiente para provocar um aquecimento global e causar a maior extinção de espécies conhecidaNo último meio bilhão de anos houve cinco grandes extinções em massa na Terra. A mais recente e também mais famosa ocorreu cerca de 65 milhões de anos atrás, matou 75% de todas as espécies de vida e incluiu entre suas vítimas fatais os dinossauros. Os impactos climáticos causados pela queda de um meteorito que abriu uma cratera de 180 quilômetros perto da costa do que hoje é o México costumam ser apontados como a provável causa dessa mortandade em larga escala, que marca o fim do período Cretáceo. Mas esse não foi o episódio mais traumático para a biodiversidade do planeta.Há pouco mais de 250 milhões de anos, quando ainda não havia dinossauros ou mamíferos e todos os continentes atuais estavam unidos no antigo supercontinente Pangeia, 96% das espécies da Terra sucumbiram em razão de um ou vários eventos trágicos e misteriosos. Segundo um estudo recém-publicado por pesquisadores da Austrália, Reino Unido e Brasil na revista científica Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, a maior extinção conhecida, que sinaliza o término do período Permiano, pode ter sido desencadeada pelos efeitos indiretos decorrentes da abertura de uma cratera de 40 quilômetros de diâmetro no território hoje dividido pelas cidades de Araguainha e Ponte Branca, no sudeste do Mato Grosso, perto da divisa com Goiás.016-017_CAPA Extincao_211A colisão em si do meteorito de aproximadamente 4 quilômetros de diâmetro que criou essa enorme cicatriz no relevo do Brasil Central, conhecida como domo ou cratera de Araguainha, não tinha potencial para acabar com a vida numa escala global. A energia produzida pelo impacto da rocha celeste com a superfície terrestre deve ter destruído imediatamente tudo que estava a até 250 quilômetros ao seu redor. “A queda do meteorito em Araguainha não tinha capacidade para provocar uma extinção global em massa”, afirma o geólogo Eric Tohver, da University of Western Australia, primeiro autor do trabalho, no qual colabora com uma equipe da Universidade de São Paulo (USP). “Mas seus efeitos indiretos sim.”Terremotos e tsunamisUma sucessão de eventos decorrentes do impacto pode ter provocado em questão de dias um rápido e fatal aquecimento global. A natureza e a abrangência da área de ocorrência de certos depósitos sedimentares parecem indicar que eles foram originados por tsunamis. Outras evidências geológicas sugerem que podem ter ocorrido muitos terremotos com magnitude de até 9,9 graus na escala Richter num raio de mil quilômetros em torno da cratera. Os intensos tremores de terra teriam fraturado as rochas ricas em carbono orgânico da Formação Irati, da qual faz parte a região de Araguainha, e liberado uma quantidade descomunal de um gás de efeito estufa, o metano.© CARLOS ROBERTO DE SOUZA FILHO / UNICAMP
016-017_CAPA Extincao_211_B
De acordo com os cálculos dos pesquisadores, em questão de dias podem ter sido liberadas na atmosfera 1.600 gigatoneladas de metano, quase cinco vezes mais do que o despejado no planeta desde o início da Revolução Industrial, há 250 anos. Essa ideia se apoia numa descoberta recente feita pelos pesquisadores. As rochas da região apresentam uma assinatura isotópica estranha: são empobrecidas em carbono 12 e ricas em carbono 13. A explicação para essa anomalia é que elas liberaram uma grande quantidade de metano, que tem carbono em sua composição, para a atmosfera.Se o ar foi repentinamente tomado por esse gás, o aquecimento global em Pangeia – que já tinha como marca registrada um clima de extremos, em especial em suas áreas áridas mais centrais, onde as temperaturas ultrapassavam os 60ºC – teria sido tão brusco que poucas formas de vida conseguiram se adaptar às novas condições ambientais. “Em geral, a grande extinção do fim do Permiano costuma ser atribuída a alterações decorrentes de vulcanismos e da liberação de lava”, diz o geólogo Ricardo Trindade, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, outro autor do estudo, parcialmente financiado pela FAPESP. “Mas nossa hipótese indica que a cratera de Araguainha pode ter tido um papel importante, ainda que indireto, nesse processo.”Num primeiro momento, a possibilidade de um meteorito ter sido o agente detonador de uma mudança climática global que levou ao maior processo de extinção de vida na Terra faz lembrar a saga do fim dos dinossauros. Então, a mesma história se repetiu nas duas extinções, na do Permiano e na do Cretáceo? Em ambas as situações há semelhanças: rochas caídas do espaço e as respectivas crateras terrestres podem ter ocasionado mudanças climáticas que estariam envolvidas nos dois processos de extinção. Mas nem tudo teria sido exatamente igual. A dinâmica de cada evento teria sido única.Vista da área da cratera: região rica em depósitos de carbono orgânico Vista da área da cratera: região rica em depósitos de carbono orgânicoO meteorito que, há 65 milhões de anos, caiu na península mexicana de Yucatán tinha pelo menos 10 quilômetros de diâmetro e deu origem a uma cratera, a de Chicxulub – quase cinco vezes maior do que a de Araguainha. A energia produzida apenas pelo impacto da rocha celeste foi milhões de vezes maior do que a de uma bomba atômica. Por si só, a queda do meteorito representou uma grave alteração na dinâmica do planeta. A quantidade de poeira produzida pela explosão deve ter bloqueado a chegada dos raios solares sobre a Terra e jogado o planeta num cenário de inverno nuclear, de escuridão e de frio intenso.O quadro da grande extinção de Pangeia teria algumas peculiaridades, a se levar em conta a nova hipótese formulada por Tohver, Trindade e seus colegas. O impacto direto do meteorito de Araguainha teria tido apenas um efeito destrutivo regional. As consequências sobre o clima global teriam sido causadas pela série de terremotos que fez as rochas da Formação Irati liberarem metano e provocarem o efeito estufa exacerbado. Nesse caso, a grande extinção do Permiano teria sido causada pelo aquecimento do clima, enquanto a do Cretáceo seria decorrente do esfriamento. “Foi azar o meteorito ter caído numa região rica em carbono orgânico”, afirma Tohver.Cones de estillhaçamento em Araguainha: evidências de que meteorito abriu a crateraCones de estillhaçamento em Araguainha: evidências de que meteorito abriu a crateraA nova idade da crateraAté o ano passado, seria impensável sequer associar a grande extinção do Permiano a eventuais alterações decorrentes do surgimento do domo de Araguainha, a maior e mais antiga cratera brasileira confirmadamente aberta pela queda de um meteorito (ver texto na página 21 sobre as crateras até hoje descobertas no país). A idade estimada de Araguainha era de 245 milhões de anos, ou seja, os geólogos acreditavam que a cratera teria se formado depois da grande mortandade de espécies. No entanto, uma datação por técnicas mais modernas, feita por Tohver e os brasileiros e publicada na revista Geochimica et Cosmochimica Acta de junho de 2012, chegou a uma idade mais precisa para a cicatriz deixada pelo meteorito no Brasil Central: 254,7 milhões de anos, com uma margem de erro de 2,5 milhões de anos para cima ou para baixo. Como a extinção do Permiano ocorreu há 252,2 milhões de anos, a cratera de Araguainha talvez tenha se originado um pouco antes da grande mortandade de espécies. “Não há nenhuma outra cratera no mundo que seja dessa mesma época, da transição do Permiano para o Triássico”, explica o geólogo Cristiano Lana, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), outro autor do trabalho.Procurar as origens de um fenômeno de escala tão grande como o aniquilamento de quase toda a vida sobre a Terra há 250 milhões de anos não é uma tarefa trivial e qualquer hipótese aventada sempre é passível de críticas e polêmicas. O geólogo Alvaro Penteado Crósta, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um dos maiores estudiosos de crateras no país, acredita que ainda são necessários mais dados para realmente associar a extinção do Permiano a efeitos indiretos do surgimento do domo de Araguainha. “Trata-se de uma hipótese interessante. Contudo, não há evidências de que a quantidade de matéria orgânica presente nas rochas da região (Formação Irati) tenha sido suficiente para liberar tamanha quantidade de metano”, diz Crósta. “Além disso, o processo de liberação do metano a partir de ondas sísmicas proposto pelos autores necessitaria ser mais bem estudado, assim como a proposta de que tsunamis de grande magnitude teriam se propagado a distâncias de vários milhares de quilômetros em um ambiente marinho de águas rasas, o que não seria de se esperar.” Segundo o geólogo Claudio Riccomini, do Instituto de Geociências (IGc) da USP, outro autor do trabalho sobre o possível papel de Araguainha na extinção do Permiano, a Formação Irati apresenta teores de até 20% de carbono orgânico que tornam razoável formular essa hipótese.Ossos fossilizados: amostra da vida localOssos fossilizados: amostra da vida localAlguns estudiosos sustentam que a extinção não teve uma causa, mas talvez várias, como a queda de meteoritos, a atividade vulcânica e variações no nível do mar. “Para os que defendem uma multicausalidade para o fenômeno, teria sido justamente a somatória dos efeitos, e não necessariamente a intensidade de cada um, a responsável pela magnitude dessa grande extinção. Nesse caso, porém, a principal dificuldade é demonstrar o sincronismo entre as várias causas e determinar o momento em que foi atingido o limiar que levou à extinção”, diz o paleontólogo Cesar Schultz, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Nesse tipo de contexto, qualquer uma das causas poderia ter sido ‘a gota d’água’ que fez o copo transbordar. Mesmo que se possa questionar se a intensidade do impacto de Araguainha teria sido suficiente para, isoladamente, causar a extinção, ele poderia ter sido essa ‘gota d’água’.” Entretanto, Schultz ressalta que a diferença de tempo entre a idade atribuída à queda do meteorito em Araguainha e a grande mortandade de espécies do Permiano está no limite da margem de erro do método utilizado por Tohver e o grupo da USP. Isso ainda é um complicador, diz o paleontólogo, uma vez que os autores propõem uma relação imediata de causa e efeito entre o impacto da rocha extraterrestre e as mudanças climáticas que levaram à extinção.ProjetoCaracterização geofísica e petrofísica da estrutura de impacto de Araguainha (nº 2005/51530-3); Modalidade Linha Regular de Auxílio a Projeto de Pesquisa; Coord.Yára Regina Marangoni/IAG-USP; Investimento R$ 217.201,69 (FAPESP).Artigos científicosTOHVER, E. et alShaking a methane fizz: Seismicity from the Araguainha impact event and the Permian-Triassic global carbon isotope recordPalaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology. Publicado on-line em 18 jun. 2013.TOHVER, E. et alGeochronological constraints on the age of a Permo-Triassic impact event: U-Pb and 40Ar/39Ar results for the 40 km Araguainha structure of central BrazilGeochimica et Cosmochimica Acta. v. 86, n. 1, p. 214-27. jun. 2012.

publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 21:41
Terça-feira, 18 / 02 / 14

Viagem ao Araguaia

Viagem ao Araguaia expõe o bom faro jornalístico de José Vieira Couto de Magalhães

Por Osmar Mendes Júnior

VIAGEM AO ARAGUAIA (1852)José Vieira Couto de Magalhães (1837-1898)SP: Editora Três, 1974. (Coleção "Obras imortais da nossa literatura" - Vol. 45)

Uma volta no tempo de 141 anos é necessária para termos uma boa noção de como era o jornalismo do Brasil e como agiam os jornalistas brasileiros em meados do século 19, em plena monarquia, época em que, como se sabe, a imprensa dava seus primeiros e tímidos passos em busca de autonomia. Naqueles velhos tempos, a maioria absoluta dos jornalistas exercia o nobre ofício de registrar os fatos sem que a atividade fosse reconhecida como profissão. Muitos nem sabiam que praticavam o jornalismo.

O livro "Viagem ao Araguaia", publicado pela primeira vez em 1863, é resultado das anotações de uma excursão exploratória através do rio Araguaia feita pelo presidente da Província de Goiás, José Vieira Couto de Magalhães, um jovem sertanista de 26 anos, que também era historiador, geógrafo, antropólogo e estadista. Couto de Magalhães bacharelou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1859. No ano seguinte, defendeu tese de doutoramento na mesma faculdade do largo São Francisco. Foi um mestre do jornalismo.

Impulsionado pela necessidade de localizar um novo local para a capital da Província de Goiás, já que a cidade de Goiás dava nítidos sinais de saturação, depois de passada a euforia do ciclo do ouro e da ascensão sempre crescente das fazendas de criação de gado, Couto de Magalhães aproveitou o ensejo para demonstrar que a sua tese de navegabilidade do caudaloso e bonito rio do centro brasileiro, com suas praias arenosas, flora e fauna abundantes, era viável e talvez fosse a grande saída para o necessário progresso de uma região estagnada e carente de todos os recursos.

O Araguaia, fonte inesgotável de deliciosos e saudáveis peixes, seria uma grande via natural para escoamento das riquezas produzidas na região e também de outras províncias vizinhas. Couto de Magalhães acreditava que isso era perfeitamente possível.

A execução do trabalho jornalístico de Couto de Magalhães não foi uma tarefa fácil, como bem se pode imaginar. Além das conhecidas dificuldades de locomoção pelo interior brasileiro daqueles tempos antigos, quando a maioria dos trajetos era feita sobre o lombo de burros e cavalos, que caminhavam por caminhos estreitos, tortuosos, pedregosos e perigosos, juntava-se a total falta de infra-estrutura para os viajantes. Assim, atividades corriqueiras, como uma hospedagem descente para o necessário sono reparador das energias, tornavam-se trabalhos árduos, quase impossíveis. A escassez de conforto necessário ao homem civilizado, mesmo do século 19 era imensa.

Locais apropriados para banhos, espaços adequados para a satisfação das necessidades fisiológicas, entre outros e necessários afins, eram sempre relegados a um segundo e até terceiro planos. Sem contar, naturalmente, com a dificuldade para a preparação de uma alimentação saudável. E ainda havia o aparentemente invencível cansaço causado pelas enormes e sempre dificultosas jornadas diárias. E mais: o incômodo de ter que escrever à mão todos os relatórios, aproveitando a luz do dia ou sob o facho de velas e lampiões.

O livro de Couto de Magalhães ganha importância quando se sabe que o autor venceu todas as adversidades e oferece ao público leitor um retrato fiel de sua aventura, focalizando uma região brasileira que, naqueles tempos, era povoada e habitada por tribos indígenas arredias e rodeada por florestas densas, quase impenetráveis, onde viviam animais ferozes, que talvez nunca tivessem se defrontado com um homem branco.

Couto de Magalhães descreve os trinta e cinco dias de sua excursão com riqueza de detalhes. O leitor de "Viagem ao Araguaia" vai encontrar um texto precioso e fluente, nada sofisticado, onde estão descritos e foram levados em consideração todos os aspectos necessários para uma avaliação correta da região. Ali, sem a afetação dos eruditos, estão dados sobre a rica flora, com suas espécies características e que, até então, ainda estavam quase que intocadas pelo homem civilizado.

Também teve o autor o cuidado de anotar as características da fauna, onde estão igualmente analisados os pássaros e os mamíferos. Os rios da região, inclusive os afluentes do Araguaia, também foram objeto de análise e estudo, como revela este pequeno trecho da obra, que analisa o rio do Peixe:

"A direção geral do rio é de sudeste para noroeste; nasce no Morro Agudo, serra das Tesouras, e deságua no Araguaia, léguas acima de Salinas, com um curso aproximado de 60 léguas.

No lugar do extinto porto, ele levava mui poucas águas, a ponto de poder ser vadeado em muitos lugares com água pelo meio da canela, numa largura de 3 a 4 braças, sua caixa, porém, é enorme, e enormes e belas são suas praias, composta de uma areia alva e fina.

O extinto porto de Santa Rita é um rochedo sobre o qual batem perpendicularmente as águas do rio, para se escoarem depois para o lado do norte; é hoje uma velha tapera, e do grande armazém que aí houve, dos botes que flutuavam sobre as águas verdecentes do rio, existe apenas a memória. A não ser o estar o mato, nesse sítio, mais batido, mais entrançado de urzes e vimes, que sempre crescem nos lugares abandonados pelo homem, nenhum outro vestígio existe dessa antiga habitação.

Este rio é abundante em pescado: distinguem-se, como mais famosas entre as espécies de peixes, o matrinchão, o piau, o pintado, o barbado, o chicote, tubaranas, voadeiras e pacu-açu.

Parece ser aurífero.

Num dos solapões, notei cascalho bem configurado e em tudo semelhante ao do Jequitinhonha, pelo que é provável que seja também diamantino.

No tempo das águas, suas margens alagam-se em grandes distâncias, pelo que as matas, que se cobrem, são estreitas, rarefeitas e de má qualidade.

Os campos adjacentes oferecem o aspecto do que em Minas chamam tabuleiros, isto é, cobertos de árvores de vegetação enfezada entremeadas de capim.

As águas não são aí abundantes no tempo da seca, sendo excessivas no tempo das chuvas.

A caça é muita: compõe-se de antas, veados, pacas, perdizes, patos selvagens e toda sorte de papagaios.

As areias compõem-se de silício, quartzo, fragmentos de carbonatos e sulfuretos de ferro, alguns ocres etc.

As aves aquáticas, o jaburu e diversas espécies de socós povoam constantemente essas paragens.

Empregamo-nos, do meio-dia para a tarde, em pescar e conseguimos, em poucos lanços, peixe em quantidade suficiente para o jantar de toda nossa comitiva e para o sustento do dia seguinte.

Nosso jantar foi na praia e preparado à moda dos índios, o que nos foi fácil, por trazermos em nossa comitiva, dois da nação xavante. A novidade da cena impressionou-me, e aqui a descrevo, para dar ao leitor uma idéia dessas coisas.

Prepara-se o peixe assado ou cozido. O assado obtém-se por meio de um jirau, construído por cima das brasas; os índios dão-lhe o nome de grajaú, e serve, não só para assar o peixe, como qualquer espécie de carne. O cozido obtém-se fazendo um fosso na areia; deita-se o peixe envolvido em folhas, cobre-se de novo com a mesma areia e ateia-se o fogo por cima, de modo que se opera cocção pode meio do vapor resultante da umidade do peixe, que fica perfeitamente perfumado, com os adubos que o transpassam. Com essa simples cozinha, por mesa e toalha o leito frio da areia, tivemos um magnífico jantar, tanto mais agradável, quanto o sol, que pendia já para o ocidente, dava ao céu achatado um colorido de verde-claro morrendo em roxo, que filtrava pelo espírito uma sensação agradável e melancólica, de indefinível saudade".

As nações indígenas existentes na região também não escaparam do crivo criterioso de Couto de Magalhães. Vejamos mais um trecho da obra, onde o autor descreve a tribo dos canoeiro:

"O canoeiro é ordinariamente de estatura baixa, cabelos e olhos negros, cor de bronze; fino, ágil e com as pernas levemente arqueadas. Tem esse nome, por se terem tornados célebres os seus ataques contra os navegantes do Maranhão, a quem acometiam em levíssimas ubás e com agilidade tal, que chegavam sem ser pressentidos, retirando-se sem sofrer dano.

A tribo dos canoeiro parece ter tido outrora alguma civilização, porque a maior parte dela entende alguma coisa da língua portuguesa, o que não se pode explicar por aprendizagem que tenha feito agora, visto que seus membros não dão absolutamente fala. Algum ódio profundo contra a raça branca parece dominar esses selvagens: perseguem-na incessantemente e não dão nunca tréguas.

No rio Claro, foram mortos há poucos anos alguns que nos atacaram, e notou-se-lhes uma espécie de casca, que ia desde o cotovelo até mão, tão grossa como um calo, resultante da prática que eles tem de acompanhar os brancos, arrastando-se pelos capins, como se fossem serpentes. O canoeiro é mais valente do que outro qualquer índio, ao que acresce ser mais sagaz e previdente. Quando o canoeiro bate, a destruição é certa, porque ele não o faz sem escolher ocasião oportuna, custe isso muito embora uma espionagem incessante de muitos meses. Ordinariamente matam e roubam tudo quanto é ferro, couro, roupa. O dinheiro e outros quaisquer objetos preciosos a nossos olhos não têm para eles valor algum.

Em toda parte do Norte desta Província, vê-se assinalada por uma destruição a passagem desta tribo assoladora. A poucas léguas do lugar em que estou, jazem as ruínas do extinto arraial de Tesouras, cujos habitantes eles mataram e cujas casas assolaram sem a menor piedade, entregando a povoação a um incêndio que tudo devorou, à exceção das paredes e muros de pedra, que ainda existem. Além desse, existem as freguesias de São Feliz, Cocal, Água Quente e Amaro Leite, cujos sertões foram os mais ricos em população e gado, todos reduzidos a cinzas por eles, além de Crixás e a vila de Pilar, que foram dizimadas.

Usam de armas mais perfeitas do que as outras tribos; servem-se de punhais, espadas, baionetas, flechas com ponta de ferro, fazendo deste sempre ampla provisão nas povoações que assolam.

Em nossa comitiva vem o alferes José Rodrigues de Morais que, em 1859, foi encarregado pelo sr. Gama Cerqueira, de bater esses selvagens, que atacaram Santa Rita.

Falando das armas, não poderei deixar em esquecimento uma, que é das mais terríveis, isto é, o porrete: tiram-no do cerne de madeiras de lei, atam-no com uma corda e manejam-no de modo que sua pancada, se não é sempre mortal, serve pelo menos para derribar a vítima e dar-lhe ocasião de matá-la mais comodamente.

Existe aqui, em Crixás, o alferes Antonio Xavier, que foi derribado de cima do cavalo por um desses tiros, lançados de 60 passos de distância.

O porrete é curto, de 3 palmos, e o cabo é do tamanho de 4 polegadas; a ponta é mais larga do que o resto e termina em forma de azagaia.

Todas as outras tribos de índios têm medo do canoeiro e respeitam-no, não só pelo seu grande número como poder ser a mais aguerrida, feroz e inteligente.

Os canoeiro, como as outras tribos, são submetidos a chefes, a quem dão o nome português de Capitão, o que por sua vez tem sob suas ordens tenentes, alferes, sargentos e cabos.

Mais guerreiros do que os outros são também muito disciplinados.

Obedecem cegamente a seus chefes e atacam em boa ordem.

Todas as tentativas de catequese hão sido infrutuosas. Nem mesmo se tem conseguido até o presente civilizar os presos em combate. Aí vai um traço característico de seu amor pela independência, da obediência a seus chefes, do ódio que nos votam e do qual são testemunhas diversas pessoas de conceito..."

"Viagem ao Araguaia" permite leitura agradável e muito interessante, apesar de ter sido elaborado há quase um século e meio. Naturalmente houve uma atualização na grafia de certas palavras. O autor deixou registrado um documento que, com o passar do tempo, transformou-se numa fonte histórica bastante confiável e que, certamente, tem sido procurada por historiadores preocupados em resgatar uma parte importante da História do Brasil, depois da chegada dos portugueses. Jornalisticamente falando é uma obra completa.

Em sua primeira parte, o autor descreve como os viajantes daqueles tempos, venciam a distância entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Os que vinham da Corte por mar, desciam em Santos e venciam a serra cavalgando antes de chegar à capital paulista. Os que preferiam vir por terra, levavam dias e dias sobre os cavalos e burros, hospedando-se em fazendas e sítios até alcançar seus objetivos. Muitos preferiam este roteiro longo e difícil, especialmente aqueles que tinham medo de embarcar. Outros o faziam por economia já que, por terra, não se gastava quase nada na aventura.

Couto de Magalhães foi colaborador de vários jornais de sua época, proferiu inúmeras conferencias e escreveu uma obra bastante extensa. "Os Guaianases" ou "Fundação de São Paulo" (1860), "Dezoito Mil Milhas no Interior do Brasil (1872), "Família e Religião entre os Selvagens" (1873) e "Anchieta" (1897) estão entre seus títulos de maior destaque. Dono de sólida cultura, falava vários idiomas, entre os quais o francês, o inglês, o alemão, o italiano, o tupi e inúmeros dialetos indígenas. Viajou várias vezes pelo interior do Brasil e chegou a visitar a Europa. Esteve na Guerra do Paraguai e era monarquista convicto. Morreu jovem, aos 61 anos, em 1898.

Aos interessados em conhecer seu belo trabalho, além das bibliotecas mais equipadas, é possível obter exemplares nos diversos sebos espalhados pelo centro da cidade de São Paulo. Couto de Magalhães há muito tempo não é reeditado.

Esta resenha teve por base uma edição de 1974 de "Viagem ao Araguaia", o volume 45 pertencente à coleção "Obras imortais da nossa literatura", da Editora Três, de São Paulo, SP. 

publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 17:56
Domingo, 16 / 02 / 14

Primeiro sequestro aéreo no Mundo

Aragarças / Goiás
constelation-panairCompletou 50 anos do primeiro sequestro aéreo da humanidade, que aconteceu no município de Aragarças (GO), na divisa com Barra do Garças, no Vale do Araguaia. Um grupo de cinco oficiais da Aeronáutica articulou o sequestro de um avião comercial com 40 passageiros para auxiliar no que ficou conhecido como “Revolta Veloso”, um movimento de insubordinação comandado pelo major Haroldo Coimbra Veloso, que montou base no aeroporto de Aragarças.A intenção era montar uma resistência ao governo do presidente Juscelino Kubitschek, conforme conta o livro do historiador Claudemiro Souza Luz que foi lançado em novembro para comemorar essa data histórica.“Eu considero esse fato um dos mais importantes de Aragarças”, destaca ele. O sequestro começou às oito e meia da manhã do dia 2 de dezembro de 1959, quando o major Eder Teixeira Pinto rendeu os pilotos e sequestrou o avião quadrimotor Constellation, da empresa Paner [sic] do Brasil, que fazia rota do Rio de Janeiro para Belém (PA). O avião foi desviado até o aeroporto de Aragarças, onde o comandante da rebelião, major Veloso, aguardava com mais quatro oficiais da Aeronáutica e com dois aviões C-47 da FAB que estavam sendo utilizados no movimento.A comunicação era lenta naquela época, mas logo o governo foi informado do levante e o ministro da Guerra na época, Henrique Teixeira Lott, determinou a invasão do aeroporto para prender os militares revoltosos. Segundo Claudemiro, isso aconteceu logo no terceiro dia do sequestro. Um grupo de pára-quedistas do Exército chegou de surpresa no aeroporto e bombardeou um dos aviões, e assim os revoltosos tiveram que se entregar.Major Veloso e outros oficiais foram presos e depois anistiados pelo governo federal, com Veloso se mudando para o estado do Pará, onde se elegeu deputado federal e faleceu aos 49 anos. “Eu acredito que a revolta fracassou porque houve pouca adesão dos militares na época, provavelmente porque ficaram com medo da reação do governo”, explica o escritor.O tema tornou-se indispensável na história do Araguaia e foi lembrado recentemente na minissérie da TV Globo “JK”, que contava a história de Kubitschek. Escritores como Valdon Varjão, Murilo Melo Filho, Mário Miguez e Zélia Diniz já escreveram sobre esse assunto.Claudemiro lembra que tinha 19 anos naquela época e como qualquer outro morador da cidade passou a maior parte do tempo rodeando o aeroporto para acompanhar, mesmo que à distância, tudo que acontecia no aeroporto.Claudemiro explica que o avião sequestrado era o maior visto na região e quando desceu na pista estreita de Aragarças todo mundo ficou assustado. Os passageiros foram retirados e conduzidos ao Grande Hotel, construído para a Fundação Brasil Central, enquanto os militares esperavam mais reforços de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo que acabaram não vindo e frustrando a tentativa de golpe.O escritor aragarcense insiste nesta tese porque nas eleições de 46 e 50 a cúpula da Aeronáutica perdeu as eleições para o brigadeiro Eduardo Gomes e de certa forma não se conformava porque o Exército já tinha tido um presidente.FONTE. Olhar DiretoNOTA: A foto acima é do Constellation que está preservado no Museu Asas de um Sonho da TAM. Ele foi restaurado com as cores da Panair.
publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 19:57
Domingo, 16 / 02 / 14

Mistérios do Araguaia - Barra do Garças e sua História


A criação do município de Barra do Garças veio a ser uma encampação do município de Araguaiana, ou seja, uma mudança de sede de Araguaiana para Barra do Garças, passando Araguaiana à distrito de Barra do Garças.bg.galeria9.20130712152051.001As primeira notícias acerca da região se deram por conta das lendárias Minas dos Martírios, no século XVII. Neste período o imenso quadrilátero barra-garcense era habitado de cima abaixo por povos indígenas das nações boróro e xavante. A região teve efetivo início povoador com a navegação do Rio Araguaia, ao tempo da guerra do Paraguai, quando o presidente da Província, Couto de Magalhães, viu a necessidade de ligação entre as bacias hidrográficas do Prata e Tocantins, unindo o sul ao norte, pelo centro. Iniciou-se então a navegação do rio Araguaia. Couto de Magalhães mandou transportar em carros-de-boi três navios, desmontados para viagem – do Rio Cuiabá até o Porto de Itacaiú, onde seriam montados.Foram criados presídios, que serviam também de posto de registro: Ínsua, Passa Vinte e Macedina. O presídio de Ínsua foi transferido para as margens do Rio Araguaia, em lugar denominado Porto Grande, que ficou cognominado Registro do Araguaia. Nas andanças entre presídios, os militares faziam postos na foz do Rio das Garças. O local de referência era assinalado por uma pedra, a pedra da Barra Cuiabana, a primeira denominação de Barra do Garças. Em Barra Cuiabana viviam José Pedro, o filho Vicente e outras pessoas, exatamente em frente à Barra Goiana, hoje Aragarças.A pedra da Barra Cuiabana tinha uma lenda. Dizem que Simão da Silva Arraya enterrou um recipiente (talvez uma garrafa) contendo diamante nas proximidades da grande pedra. Arraya marcou a pedra com os dizeres “S. S. Arraya – 1871”. Para José Pedro, a inscrição foi esculpida por uma caravana desmobilizada em retorno da Guerra, liderada por Simão Arraya, somente para marcar a passagem pelo lugar. Na versão de Raul José de Mello, antigo coletor de rendas de registro do Araguaia a história é outra: “...em 1871, o pai de Marcos Afonso (um dos herdeiros) e mais Simão da Silva Arraya e dois ex-combatentes de guerra encontraram enorme quantidade de diamantes.arq_11Na época a comercialização era difícil, e sabedores do valor do achado começaram a guarda-lo uma garrafa. De certa feita foram atacados por índios boróros. Antes de fugirem enterraram a garrafa e mais tarde marcaram a pedra.” A verdade é que ninguém encontrou a tal garrafa, e se foi achada, não foi divulgado – daí ser lenda. Em 1897, Antônio Cândido de Carvalho encontrou diamantes no Rio das Garças. A notícia trouxe muita gente à região, aumentando o contingente populacional araguaiano. Neste período a economia regional dividia-se entre a garimpagem e a extração de látex da mangabeira, que proliferava no cerrado.Sua população foi formada por pessoas vindas de vários estados brasileiros, incentivados pelo desdobramento do Oeste em busca do ouro e do diamante. Região desbravada pelo Marechal Rondon, na metade do século passado e efetivado pelos sertanistas irmãos Villas Boas, que abrindo picadas (com a Fundação Brasil Central), fez nascer no seu rastro várias cidades.O tempo passou, as pessoas foram chegando, e fizeram nascer esta maravilhosa cidade, à margem esquerda do Rio Araguaia, que delimita as fronteiras de Mato Grosso e Goiás. A região urbana conhecida como grande Barra é formada além de Barra do Garças, por Pontal do Araguaia (MT) e Aragarças (GO).Hoje Barra desponta com um futuro pólo de Saúde, Educacional, Comercial, Político e Turístico de Mato Grosso, pois qualidade é que não lhe faltam: Serras com dezenas de Cachoeiras, Praias, Rios, Águas Termais, além de uma série de atividades especialmente desenvolvida para proporcionar ao turista uma excelente estadia por aqui.
publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 19:49

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