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Quarta-feira, 19 / 02 / 14

Boto do Araguaia

Cientistas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) descobriram uma nova espécie de boto, a primeira descobertadesse gênero desde 1918. Eles suspeitam, no entanto, que a nova espécie encontrada já tenha vindo à tona sob risco de extinção.No estudo publicado na revista especializada Plos One, os pesquisadores da UFAM dizem que a espécie batizada como boto do Araguaia é uma das cinco integrantes do gênero que também inclui o boto cor-de-rosa, da Amazônia. Os pesquisadores estimam que haja apenas mil botos dessa espécie vivendo no rio Araguaia.O boto do Araguaia teria se diferenciado dos outros familiares do gênero há mais de dois milhões de anos, segundo o pesquisador Tomas Hrbek."Foi tudo muito inesperado. É uma área onde as pessoas veem eles o tempo todo, já que são mamíferos grandes. Mas ninguém tinha notado (que era uma outra espécie)", disse.As diferenças com o boto cor-de-rosa seriam o número de dentes. A nova espécie também seria menor. Mas, a maioria das diferenças foram encontradas nos genes do animal.Ao analisar amostras de DNA de dezenas de botos dos dois rios, os pesquisadores concluíram que o do rio Araguaia era mesmo uma nova espécie.Mas, mesmo depois destas análises, ainda pode haver questionamento."Em ciência você nunca pode ter certeza de nada", disse Hrbek."Analisamos o DNA mitocondrial, o que é, essencialmente, análise de linhagens, e não há compartilhamento de linhagens. Os grupos que vimos, os haplótipos, têm uma relação muito mais próxima entre eles do que entre outros grupos. Para isto acontecer, os grupos devem ter ficado isolados uns dos outros por um período longo", acrescentou."A divergência que observamos é maior do que as divergências observadas entre outras espécies de golfinhos", afirmou.

Futuro

Foto: Nicole DutraNova espécie se diferenciou há cerca de dois milhões de anos
Os pesquisadores temem pelo futuro do boto do Araguaia, pois parece haver pouca diversidade genética entre esses botos devido à população reduzida. Os maiores riscos são trazidos pela ocupação humana na região."Desde a década de 1960, a bacia do rio Araguaia têm passado por uma pressão antropogênica significativa, devido a atividades agrícolas, fazendas e a construção de hidroelétricas", escreveram os autores do estudo na Plos One."Os botos estão no topo da cadeia, eles comem muito peixe. Eles roubam as redes de pesca, então os pescadores tendem a não gostar deles, as pessoas atiram neles", disse Hrbek.Para os pesquisadores, devido a esses motivos, o novo boto deveria ser incluído na lista de espécies em maior risco de extinção.Os golfinhos de rio, ou botos, estão entre as espécies mais raras do mundo.Segundo a União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), das quatro espécies de botos já conhecidas, três estão na lista de grande risco de extinção, a chamada Red List.Os botos são parentes distantes dos golfinhos encontrados nos oceanos. Eles têm bicos mais longos para poder caçar peixes no fundo dos rios, em meio à lama e lodo.Uma das espécies mais conhecidas é o boto do Yangtze, ou baiji, que teria sido extinto em 2006.Já o boto-cor-de-rosa do Amazonas é considerado uma das espécies mais inteligentes de todos os botos.Matt McGrathRepórter de meio ambiente da BBCFonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/01/140123_golfinhos_araguaia_fn.shtml
publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 23:03
Quarta-feira, 19 / 02 / 14

Referencial Histórico - Região Encontro das Águas

Poucos cidades do Brasil podem ostentar um referencial tão rico e diversificado como o de Barra do Garças e região. Muitos dos que nasceram e moram aqui eventualmente não têm noção da nossa importância no contexto da História do Brasil.A partir dos bandeirantes nos séculos 16 e 17, o caminho para se chegar a lugares estratégicos nos sertões do Centro-Oeste, inclusive ao conteúdo da lenda na Mina dos Martírios, incluiu passagens e paradas em Barra do Garças.Nessa mesma trilha o Marechal Rondon, o bandeirante do século 20, que espalhou linhas telegráficas por milhares de quilômetros para desbravar a trilha do desenvolvimento que acompanhou essas linhas, usou Barra do Garças (na época ainda distrito ou povoado de Araguaiana de Nossa Senhora da Piedade), para os intervalos entre suas idas e vindas.pontesBarraRondon coroou sua nobre e árdua missão ao domesticar com diplomacia e humanidade milhares de índios, que o consideravam um pai (O Pai Branco). “Morrer sim, matar nunca” era a sua divisa...A mesma competência não tiveram os padres salesianos, que embora com toda abnegação para catequizar e evangelizar, os que vieram pouco depois de Rondon, alguns foram até sacrificados pelo índios, como os missionários padre João Fucks e padre Cobalchini, hoje sepultados em Araguaiana, onde era a sede da missão salesiana  entre os anos 40 e 50.Essa herança de sacrifícios dos heróicos missionários foi a semeadura de um gigantesco trabalho desenvolvidos pelos mestres, clérigos e leigos que enriqueceram a nossa educação e a nossa cultura, comprovado pelos inúmeros João Bosco, Auxiliadoras e Domingos Sávios, que conhecemos em grande parte de nossas famílias, escolas, capelas e paróquias. Os maiores frutos dessa missão estão em Barra do Garças, com extensa rede assistencial e educacional da Missão Salesiana.Pela inabilidade com etnias desconhecidas, também tiveram dificuldades com os índios, os bandeirantes irmãos Villas Boas, que mesmo diante dessas e outras grandes barreiras, partiram de Barra do Garças, desbravaram e construíram o caminho do Xingu, em vasto território de dezenas de etnias.Essa epopéia foi mostrada recentemente em três episódios pelo Fantástico, na Rede Globo, mostrando nas reportagens um mapa com Barra do Garças em destaque. Foi a reprise moderna dessa grande aventura iniciada por Barra do Garças.avMinistroJoaoAlbertoOutro referencial histórico que chamou atenção da imprensa mundial, desde o desaparecimento do coronel inglês Percy Harrison Fawcett, nos anos 20, foram as conquistas do Roncador. Fawcett veio em busca do continente perdido da Atlântida que teria submergido quando o Centro Oeste era mar (talvez por alterações geológicas no Dilúvio).Fawcett também passou por Barra do Garças e isso está comprovado pelas inúmeras fotos em seus livros das nossas serra e especial a da santa de Vale dos Sonhos.O escritor Arthur Conan Doyle, renomado pela sua criação do personagem Sherlock Holmes, que era amigo de academia literária de Fawcett em Londres, escreveu alguns livros ilustrando sobre a nossa região, inclusive a curiosa obra ainda disponível O Mundo Perdido.Os escritos de Fawcett revolucionaram a imprensa européia e muitas expedições vieram nos rastros dele, que misteriosamente desapareceu em algum lugar da Serra do Roncador. Muito se documentou desse pioneirismo místico, inspirando lendas e a maioria dos filmes de Indiana Jones. O primeiro filme da série foi locado na região de Barra do Garças, entre os xavantes, na busca da Arca Perdida e da Atlântida. (Harrison Ford ou Harrison Fawcett?).O misticismo e o espírito aventureiro inspirados nos mistérios da Serra do Roncador, que movimentaram  e ainda movimentam a região de Barra do Garças foram mostrados no Globo Repórter, há poucos anos, em documentário fartamente documentado e confirmado por interessante conteúdo.mercadomunicipalbarraO último acontecimento marcante no contexto Roncador foi a South American Treak (expedição na América do Sul) idealizada pelo sobrinho de Fawcett, o professor e escritor Timothy Paterson, coordenada de Fidhorn Fundation, da Irlanda, nos anos 90, que trouxe quarenta pesquisadores de vinte e sete países da Europa e da Ásia, com apoio da ONU e da Rainha Mãe da Inglaterra.Tivemos a honra de acompanhar como guia turístico e histórico essa expedição em muitos lugares da nossa região, nos caminhos de Fawcett mais próximos de Barra do Garças e entre as comunidades de xavantes e bororos.Essa nobre expedição ficou mais de 15 dias realizando pesquisas e filmando, sempre em locais de até 150 km de Barra do Garças, onde retornavam todas as noites para o Toriuá Park Hotel. Nessas andanças a comitiva recolheu peças artesanais e arqueológicas. Pitoresco foi o interesse em guardar (talvez como souvenir) as pulgas que conheceram nas aldeias, pois era um inseto desconhecido para todos.A história recente resumida  de Barra do Garças é muito fascinante, porém não  tanto quanto em  conteúdo e detalhes como ela é sobejamente contada e enriquecida na obra do nosso amado e inesquecível professor, escritor e historiador Valdon Varjão, a quem pudemos cooperar  nas últimas edições, assim como outros membros da Academia de Letras que ele fundou, entre eles Zélia Diniz, Florisvaldo Flores Lopes, Daphnis Oliveira, Edna Capocci, Generoso Rodrigues, Antonio Oliveira Santos, Arquimedes Carpentieri e outros amantes de nossa história.Mais de quarenta livros formam a biblioteca das  obras de Valdon Varjão e ainda estão disponíveis na Academia de Letras, nas escolas e nas biblioteca de todo o Vale do Araguaia e também em São Paulo, Goiânia e Brasília. Toda a sua obra literária foi distribuída gratuitamente.Cabe agora às novas gerações, especialmente àqueles filhos de pioneiros que estão retornando (e também os que permaneceram e prosperam aqui), a maioria profissionais graduados em várias áreas, inclusive em História, Geografia e Letras e os apaixonados por história e misticismo, dar continuidade aos caminhos da história de Barra do Garças, seguindo o modelo de dedicação e sobretudo respeito e gratidão pelos que tombaram, nos últimos séculos e décadas, em tributo ao desenvolvimento de Barra do Garças.rodoviariaBarraAos barra-garcenses atuais, a responsabilidade de zelar e apoiar a preservação da nossa edificante história e deixar para os seus descendentes uma herança semelhante de conquistas e avanços no desenvolvimento social, político, produtivo e espiritual da nossa amada Barra do Garças...Melchíades Mota é graduado em Marketing de Turismo, Estudos Sociais e Ciências da Religião.
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publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 22:35
Quarta-feira, 19 / 02 / 14

Capital do paranormal - Barra do Garças

Barra do Garças continua sendo destaque em todo o mundo com suas potencialidade turísticas, especialmente na área reservada para pouso de Discos voadores, o “Discoporto”.
Discoportobarragarcas (2)
Relatos ufológicos e místicos inspiraram, há 17 anos, o ex-vereador Valdon Varjão (foto) a criar a Lei Municipal nº 1.840 sancionada pelo ex-prefeito, Vilmar Peres de Faria, em 1995, para a criação de uma reserva com cinco hectares destinada à construção de uma pista de pouso de Objetos Voadores Não-Identificados (Ovnis), o Discoporto, no Parque Estadual da Serra Azul, próximo à Serra do Roncador.
O jornal espanhol Diário Vasco, da cidade de Bilbao, na Espanha, publicou uma reportagem especial citando Barra do Garças como “Uma cidade capital do paranormal” por ser a única com ufódromo, ou aeroporto para discos voadores.
Na matéria, o repórter Miguel Gutierrez Garitano cita ainda que a cidade é “uma meca para os místicos”.

GENTE - Aliens aeroporto - Barra do Garças, no Brasil, é a única cidade no mundo com ufódromo. Sob a égide do turismo, místicos e seitas coexistem aqui como o Convento teúrgicas - MIGUEL GUTIÉRREZ GARITANO
Se existe na Terra uma cidade capital do paranormal, aplaudiu com permissão da área 51 - que é Barra do Garças , a população de 100 mil localizados entre os rios Garças e Araguaia , no Estado do Mato Grosso, Brasil. É a única cidade do mundo equipado com ufódromo ou aeroporto para discos voadores, e uma meca para os místicos, esclarecida e sectário do outro lado do mundo.
Suas ruas são um mosaico de raças e religiões. Colonos brancos nas ruas misturado com tribo indígena Xavante, mulatos, caboclos (mistura entre índios e negros ) e os árabes de origem palestina. Mas a peculiaridade de Barra do Garças está nos murais das paredes , cheio de aliens e Messias, naves espaciais e celestial raios, que dão a sua marca a esta cidade recém-criada.
Apocalyptic Jornal - Abro o jornal local, o “Diário do Araguaia vouchers’ e do conselho editorial, que é um arengas de fogo contra carnal vice-campanha” em todos os lugares. “Que sinais tais Melquiades Mota, além de famoso jornalista é um membro do Convention seita mística telúrgica, é um grupo de fãs - fundada por um Luchner - set em Barra, que os lucros provenientes do turismo místico, estrelando pessoas sedentas emoções que vão para as montanhas que se abre para o norte, a Serra fazer roncadores, a viver a sua experiência astral particular, acreditando que ele é uma espécie de portal para outra dimensão.
Dwarves perto do portão Zip em torno dos contornos da Serra de roncadores com o biólogo Fernando Mundin, guia de origem hispano-árabe. Sob os enormes monólitos de pedra, que lembra de Monument Valley, no Arizona, descobriu um grupo de edifícios e uma espécie de templo druida cheio de gnomos de jardim.
Meu guia explica que pertence à Fraternidade Branca. Fernando, que muitas vezes atua como um guia para os seguidores desta seita, credo me diz : “ Eles acreditam em tempos antediluvianos um navio até roncadores seres inteligentes e criou um mundo subterrâneo para sobreviver ao sol. Com o tempo, esses seres foram misturados com primatas e levou o homem.
Quando o primata é imposta, superar a violência e, em seguida, os deuses enviaram para outro bebê puro, um Messias, para trazer à humanidade fruição. “Depois leva-me a um suposto “portal mágico”, que nada mais é que um buraco onde o vento, a esfregar com o rock, emite um ronronar sexy e dá o nome aos roncadores montanha.
A Ilha do Dr. Moreau
Toda a região foi seitas grama que procuram o paraíso na Terra. Em uma floresta que se abre sob um enorme edifício ocre penhasco são erguidas e restos de uma cisterna. De acordo com Fernando, estamos nas ruínas da sede da Associação para a noite”, uma comunidade pseudo-científica ao redor do mundo que se reuniram para melhorar a vida e a vida da humanidade. “Em seu laboratório na selva, uma versão “nova era” da Ilha do Dr. Moreau, tentaram, por exemplo, “para minimizar o uso de água, concluindo que uma pessoa pode viver com apenas seis litros por dia, e mudança de papéis homem cultural - mulher.
Pois neste campo, as mulheres fizeram trabalhos de alvenaria e os homens fizeram a roupa.”
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O volume de negócios do turismo paranormal é tal, que até mesmo as instituições decidiram investir neste mercado. Em meados dos anos 90, o famoso Valdon Varjão , primeiro senador negro no Brasil, Prefeito de Barra do Garças, acadêmico surpreendeu o mundo ao anunciar a construção no primeiro ufódromoOrb. Varjão foi político muito popular, com adoração e fama elevado por seu papel na proibição da venda de órgãos, o que era um problema real no Brasil.
Alguns viram esta mudança de direção como uma mancha na sua carreira, ser criticado ou não, o fato é que os números a apoiá-lo por causa de sua iniciativa foi um recorde de negócios que impulsionou esta região economicamente empobrecida.
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publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 22:23
Quarta-feira, 19 / 02 / 14

Domo de Araguainha

Queda de meteorito no Mato Grosso há 250 milhões de anos pode ter liberado metano suficiente para provocar um aquecimento global e causar a maior extinção de espécies conhecidaNo último meio bilhão de anos houve cinco grandes extinções em massa na Terra. A mais recente e também mais famosa ocorreu cerca de 65 milhões de anos atrás, matou 75% de todas as espécies de vida e incluiu entre suas vítimas fatais os dinossauros. Os impactos climáticos causados pela queda de um meteorito que abriu uma cratera de 180 quilômetros perto da costa do que hoje é o México costumam ser apontados como a provável causa dessa mortandade em larga escala, que marca o fim do período Cretáceo. Mas esse não foi o episódio mais traumático para a biodiversidade do planeta.Há pouco mais de 250 milhões de anos, quando ainda não havia dinossauros ou mamíferos e todos os continentes atuais estavam unidos no antigo supercontinente Pangeia, 96% das espécies da Terra sucumbiram em razão de um ou vários eventos trágicos e misteriosos. Segundo um estudo recém-publicado por pesquisadores da Austrália, Reino Unido e Brasil na revista científica Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, a maior extinção conhecida, que sinaliza o término do período Permiano, pode ter sido desencadeada pelos efeitos indiretos decorrentes da abertura de uma cratera de 40 quilômetros de diâmetro no território hoje dividido pelas cidades de Araguainha e Ponte Branca, no sudeste do Mato Grosso, perto da divisa com Goiás.016-017_CAPA Extincao_211A colisão em si do meteorito de aproximadamente 4 quilômetros de diâmetro que criou essa enorme cicatriz no relevo do Brasil Central, conhecida como domo ou cratera de Araguainha, não tinha potencial para acabar com a vida numa escala global. A energia produzida pelo impacto da rocha celeste com a superfície terrestre deve ter destruído imediatamente tudo que estava a até 250 quilômetros ao seu redor. “A queda do meteorito em Araguainha não tinha capacidade para provocar uma extinção global em massa”, afirma o geólogo Eric Tohver, da University of Western Australia, primeiro autor do trabalho, no qual colabora com uma equipe da Universidade de São Paulo (USP). “Mas seus efeitos indiretos sim.”Terremotos e tsunamisUma sucessão de eventos decorrentes do impacto pode ter provocado em questão de dias um rápido e fatal aquecimento global. A natureza e a abrangência da área de ocorrência de certos depósitos sedimentares parecem indicar que eles foram originados por tsunamis. Outras evidências geológicas sugerem que podem ter ocorrido muitos terremotos com magnitude de até 9,9 graus na escala Richter num raio de mil quilômetros em torno da cratera. Os intensos tremores de terra teriam fraturado as rochas ricas em carbono orgânico da Formação Irati, da qual faz parte a região de Araguainha, e liberado uma quantidade descomunal de um gás de efeito estufa, o metano.© CARLOS ROBERTO DE SOUZA FILHO / UNICAMP
016-017_CAPA Extincao_211_B
De acordo com os cálculos dos pesquisadores, em questão de dias podem ter sido liberadas na atmosfera 1.600 gigatoneladas de metano, quase cinco vezes mais do que o despejado no planeta desde o início da Revolução Industrial, há 250 anos. Essa ideia se apoia numa descoberta recente feita pelos pesquisadores. As rochas da região apresentam uma assinatura isotópica estranha: são empobrecidas em carbono 12 e ricas em carbono 13. A explicação para essa anomalia é que elas liberaram uma grande quantidade de metano, que tem carbono em sua composição, para a atmosfera.Se o ar foi repentinamente tomado por esse gás, o aquecimento global em Pangeia – que já tinha como marca registrada um clima de extremos, em especial em suas áreas áridas mais centrais, onde as temperaturas ultrapassavam os 60ºC – teria sido tão brusco que poucas formas de vida conseguiram se adaptar às novas condições ambientais. “Em geral, a grande extinção do fim do Permiano costuma ser atribuída a alterações decorrentes de vulcanismos e da liberação de lava”, diz o geólogo Ricardo Trindade, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, outro autor do estudo, parcialmente financiado pela FAPESP. “Mas nossa hipótese indica que a cratera de Araguainha pode ter tido um papel importante, ainda que indireto, nesse processo.”Num primeiro momento, a possibilidade de um meteorito ter sido o agente detonador de uma mudança climática global que levou ao maior processo de extinção de vida na Terra faz lembrar a saga do fim dos dinossauros. Então, a mesma história se repetiu nas duas extinções, na do Permiano e na do Cretáceo? Em ambas as situações há semelhanças: rochas caídas do espaço e as respectivas crateras terrestres podem ter ocasionado mudanças climáticas que estariam envolvidas nos dois processos de extinção. Mas nem tudo teria sido exatamente igual. A dinâmica de cada evento teria sido única.Vista da área da cratera: região rica em depósitos de carbono orgânico Vista da área da cratera: região rica em depósitos de carbono orgânicoO meteorito que, há 65 milhões de anos, caiu na península mexicana de Yucatán tinha pelo menos 10 quilômetros de diâmetro e deu origem a uma cratera, a de Chicxulub – quase cinco vezes maior do que a de Araguainha. A energia produzida apenas pelo impacto da rocha celeste foi milhões de vezes maior do que a de uma bomba atômica. Por si só, a queda do meteorito representou uma grave alteração na dinâmica do planeta. A quantidade de poeira produzida pela explosão deve ter bloqueado a chegada dos raios solares sobre a Terra e jogado o planeta num cenário de inverno nuclear, de escuridão e de frio intenso.O quadro da grande extinção de Pangeia teria algumas peculiaridades, a se levar em conta a nova hipótese formulada por Tohver, Trindade e seus colegas. O impacto direto do meteorito de Araguainha teria tido apenas um efeito destrutivo regional. As consequências sobre o clima global teriam sido causadas pela série de terremotos que fez as rochas da Formação Irati liberarem metano e provocarem o efeito estufa exacerbado. Nesse caso, a grande extinção do Permiano teria sido causada pelo aquecimento do clima, enquanto a do Cretáceo seria decorrente do esfriamento. “Foi azar o meteorito ter caído numa região rica em carbono orgânico”, afirma Tohver.Cones de estillhaçamento em Araguainha: evidências de que meteorito abriu a crateraCones de estillhaçamento em Araguainha: evidências de que meteorito abriu a crateraA nova idade da crateraAté o ano passado, seria impensável sequer associar a grande extinção do Permiano a eventuais alterações decorrentes do surgimento do domo de Araguainha, a maior e mais antiga cratera brasileira confirmadamente aberta pela queda de um meteorito (ver texto na página 21 sobre as crateras até hoje descobertas no país). A idade estimada de Araguainha era de 245 milhões de anos, ou seja, os geólogos acreditavam que a cratera teria se formado depois da grande mortandade de espécies. No entanto, uma datação por técnicas mais modernas, feita por Tohver e os brasileiros e publicada na revista Geochimica et Cosmochimica Acta de junho de 2012, chegou a uma idade mais precisa para a cicatriz deixada pelo meteorito no Brasil Central: 254,7 milhões de anos, com uma margem de erro de 2,5 milhões de anos para cima ou para baixo. Como a extinção do Permiano ocorreu há 252,2 milhões de anos, a cratera de Araguainha talvez tenha se originado um pouco antes da grande mortandade de espécies. “Não há nenhuma outra cratera no mundo que seja dessa mesma época, da transição do Permiano para o Triássico”, explica o geólogo Cristiano Lana, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), outro autor do trabalho.Procurar as origens de um fenômeno de escala tão grande como o aniquilamento de quase toda a vida sobre a Terra há 250 milhões de anos não é uma tarefa trivial e qualquer hipótese aventada sempre é passível de críticas e polêmicas. O geólogo Alvaro Penteado Crósta, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um dos maiores estudiosos de crateras no país, acredita que ainda são necessários mais dados para realmente associar a extinção do Permiano a efeitos indiretos do surgimento do domo de Araguainha. “Trata-se de uma hipótese interessante. Contudo, não há evidências de que a quantidade de matéria orgânica presente nas rochas da região (Formação Irati) tenha sido suficiente para liberar tamanha quantidade de metano”, diz Crósta. “Além disso, o processo de liberação do metano a partir de ondas sísmicas proposto pelos autores necessitaria ser mais bem estudado, assim como a proposta de que tsunamis de grande magnitude teriam se propagado a distâncias de vários milhares de quilômetros em um ambiente marinho de águas rasas, o que não seria de se esperar.” Segundo o geólogo Claudio Riccomini, do Instituto de Geociências (IGc) da USP, outro autor do trabalho sobre o possível papel de Araguainha na extinção do Permiano, a Formação Irati apresenta teores de até 20% de carbono orgânico que tornam razoável formular essa hipótese.Ossos fossilizados: amostra da vida localOssos fossilizados: amostra da vida localAlguns estudiosos sustentam que a extinção não teve uma causa, mas talvez várias, como a queda de meteoritos, a atividade vulcânica e variações no nível do mar. “Para os que defendem uma multicausalidade para o fenômeno, teria sido justamente a somatória dos efeitos, e não necessariamente a intensidade de cada um, a responsável pela magnitude dessa grande extinção. Nesse caso, porém, a principal dificuldade é demonstrar o sincronismo entre as várias causas e determinar o momento em que foi atingido o limiar que levou à extinção”, diz o paleontólogo Cesar Schultz, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Nesse tipo de contexto, qualquer uma das causas poderia ter sido ‘a gota d’água’ que fez o copo transbordar. Mesmo que se possa questionar se a intensidade do impacto de Araguainha teria sido suficiente para, isoladamente, causar a extinção, ele poderia ter sido essa ‘gota d’água’.” Entretanto, Schultz ressalta que a diferença de tempo entre a idade atribuída à queda do meteorito em Araguainha e a grande mortandade de espécies do Permiano está no limite da margem de erro do método utilizado por Tohver e o grupo da USP. Isso ainda é um complicador, diz o paleontólogo, uma vez que os autores propõem uma relação imediata de causa e efeito entre o impacto da rocha extraterrestre e as mudanças climáticas que levaram à extinção.ProjetoCaracterização geofísica e petrofísica da estrutura de impacto de Araguainha (nº 2005/51530-3); Modalidade Linha Regular de Auxílio a Projeto de Pesquisa; Coord.Yára Regina Marangoni/IAG-USP; Investimento R$ 217.201,69 (FAPESP).Artigos científicosTOHVER, E. et alShaking a methane fizz: Seismicity from the Araguainha impact event and the Permian-Triassic global carbon isotope recordPalaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology. Publicado on-line em 18 jun. 2013.TOHVER, E. et alGeochronological constraints on the age of a Permo-Triassic impact event: U-Pb and 40Ar/39Ar results for the 40 km Araguainha structure of central BrazilGeochimica et Cosmochimica Acta. v. 86, n. 1, p. 214-27. jun. 2012.

publicado por 100porcentoloucospeloaraguaia às 21:41

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